Preços comprometem a qualidade

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A queda substancial dos preços do café observadas desde meados de 2012 deverão prejudicar a qualidade do grão produzidos em Santo Antônio do Amparo, na região Centro-Oeste do Estado. De acordo com o diretor da cooperativa Santo Antonio Estates Coffee, João Newton Teixeira, os preços atuais não são suficientes para cobrir os custos de produção. E isso trará conseqüências nas próximas safras, já que o cafeicultor descapitalizado reduz os tratos dos cafezais impactando diretamente na qualidade final do grão.

"Os cafeicultores já estavam reduzindo os tratos devido aos baixos preços pagos desde meados de 2012. Com os preços menores ainda neste ano as próximas safras terão a produtividade comprometida, rendendo menos cafés especiais", avalia.

A cooperativa conta com 20 associados, que são responsáveis por uma produção anual de café que varia de 130 mil a 150 mil sacas de 60 quilos, deste volume entre 30% e 50% são classificados como especiais.

Do total produzido, em torno de 15 mil sacas são exportadas. Os principais mercados atendidos são os Estados Unidos, Japão, Austrália, Suíça, Coreia, Itália e Inglaterra.

"Mesmo com a venda do café especial, os preços não são suficientes para superar as perdas ocasionadas pela redução substancial da cotação observada desde meados de 2012. Dessa forma, não é possível manter os tratos adequados dos cafezais, o que reduz a qualidade. Nosso objetivo é ampliar, a cada ano, as negociações com o exterior, mas para isso é necessário que os preços sejam vantajosos a ponto de permitir a manutenção dos tratos efetivos nas áreas de produção", enfatiza.

Segundo Teixeira , as medidas anunciadas pelo governo poderão ser eficientes, mas os preços do leilão não são suficientes para garantir a lucratividade. "O valor de R$ 343 por saca não é garante a lucratividade, uma vez que os custos estão muito próximos a este valor".

Atualmente os preços recebidos pelos produtores da região variam de R$ 200 por saca de 60 quilos, pagos por cafés de qualidade inferior, até R$ 500 por saca para cafés que são qualificado como muito especial, mas que são produzidos por uma pequena parcela e em reduzidos volumes.


Qualidade - De acordo com o membro do conselho Fiscal da Santo Antonio Estates Coffee e produtor Josué Pereira de Figueiredo, a qualidade da safra 2013 de café foi, em parte, comprometida pelas chuvas de inverno registradas entre maio e junho.

"As chuvas registradas no início da colheita derrubaram um volume considerável de grãos, o que comprometeu a qualidade final. Mesmo com as perdas, a quantidade de cafés especiais foi maior que o obtido em 2012, já que em relação ao ano anterior as chuvas foram menos freqüentes", diz.

A expectativa de Figueiredo é que ocorra melhora dos preços com as ações do governo. "A realização dos leilões será fundamental para regular a oferta à demanda e, com isso, impulsionar os preços do grão".

Conforme Figueiredo, os custos de produção de café estão elevados, principalmente nas áreas onde a mecanização é inviabilizada. Além disso, a valorização do dólar frente ao real tem encarecido os insumos, o que desestimula ainda mais os investimentos nos cafezais.

"O custo de produção está bem acima de R$ 300 e o valor de R$ 343, que será pago no leilão, só cobre os gastos dos produtores que têm os cafezais mecanizados, que são quase 50%. A mecanização é fundamental para substituir a mão de obra, já que é o principal gasto com a produção, representando 48% dos custos de uma saca", observa.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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