Foi uma geada registrada no final de setembro de 2012 que derrubou a produção gaúcha de trigo na safra passada, quando foram colhidas apenas 1,89 milhão de toneladas no ciclo atual, a projeção é de 2,5 milhões de toneladas.
A possibilidade de voltar a ocorrer no Rio Grande do Sul o fenômeno que causou estragos na produção paranaense neste ano deixa em alerta os produtores do cereal.
Conforme Graziella Gonçalves, do grupo de operações da Somar, o tempo começa a ficar mais seco hoje e as temperaturas também devem cair, podendo ficar abaixo de zero em locais como Vacaria, o que favorece a formação de geada. Pode atingir o extremo norte, a faixa central, a serra e pontos do sul do Estado.
Para o meteorologista Flávio Varone, da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), a geada, contudo, não deve ser tão intensa por aqui.
Chefe-geral da Embrapa Trigo, Sergio Dotto diz que o fenômeno é perigoso para a Região Noroeste, onde pode afetar lavouras já em florescimento ou fecundadas. No Nordeste, o risco é menor, afirma o engenheiro agrônomo, porque lá o estágio de desenvolvimento da planta é diferente.
Se o clima não atrapalhar, o Estado tem muito a ganhar com a safra deste ano, já que há uma grande escassez do produto no mercado interno. Dotto afirma que 90% das cultivares lançadas no mercado gaúcho de sementes são do tipo pão e melhorador, dentro da demanda vinda da indústria:
– Nos últimos três, quatro anos, o trigo plantado no Rio Grande do Sul teve suas características modificadas.
Claro, a genética é apenas uma parte do resultado final. O clima e o manejo do produtor são outros dois fatores que fazem a diferença na qualidade do produto colhido nas lavouras gaúchas. Um trigo de boa qualidade é o que indústria quer, e pode ajudar o agricultor a obter renda também no inverno.
Veículo: Zero Hora - RS