Produção industrial pode ficar abaixo de 1% e pressionar PIB

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A estagnação registrada na produção industrial no mês de agosto ante julho deste ano e a queda de 1,2% em relação a igual período de 2012 só confirmam as expectativas de que o desempenho do setor produtivo em 2013 será fraco e pode pressionar o Produto Interno Bruto (PIB) no ano, segundo especialistas ouvidos pelo DCI. Diante dos dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os analistas disseram que as projeções para o ano já estão sendo revisadas e que não há tempo hábil para se reverter a performance, nem recuperar a queda de 2,6% registrada em 2012.

"Acompanhamos desde o começo do ano uma oscilação muito grande nos resultados apresentados pela indústria. E, em nenhum momento, observou-se um sinal claro de recuperação. Por isso, é até provável que o aumento da produção industrial fique abaixo de 1% em 2013", afirma o associado da Pezco Microanalysis, João Ricardo Costa Filho.

De acordo com o analista, a produção industrial no mês de setembro deve apresentar alta de 0,7% em relação a igual período de 2012, enquanto o mês de outubro amargaria mais uma queda de 0,5% na mesma base.

Nem mesmo o Natal, período que se configura como uma das datas mais importantes para alguns setores da indústria e para o varejo, seria capaz de reverter os resultados contabilizados até o momento. "Notamos um componente sazonal em alguns segmentos da indústria. Entretanto, ele não é capaz de reverter a situação anêmica", reforça Costa Filho.

Para o analista, um novo aumento na taxa de juros, de aproximadamente 0,5%, também sacrificaria o desempenho do setor. Por outro lado, os efeitos da desvalorização do real perante o dólar - muito comemorada pelos empresários - devem aparecer apenas em 2014, segundo o diretor de pesquisa econômica da GO Associados, Fábio Silveira.

"A indústria brasileira ainda não consegue reagir com maior vigor em relação ao câmbio. E as exportações não crescem no ritmo desejado. Os primeiros efeitos dessa mudança devem aparecer no ano que vem, quando a produção do setor deve crescer em torno de 2,2%", ressalta.

Já para o economista da Tendências Consultoria, Rafael Bacciotti, os resultados acumulados pela indústria nos oito meses deste ano, também irão afetar o desempenho final do PIB.

"Os dados referentes ao terceiro trimestre, contabilizados até agora pelo IBGE, interrompem a trajetória de oscilação apresentada pela indústria, confirmando a atuação abaixo do esperado. Essa movimentação contribuirá negativamente para o PIB", analisa.

Para o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rogério Souza, o avanço dos importados no mercado nacional também castiga o desempenho de alguns segmentos, como a categoria de bens semi e não duráveis.

"Se analisarmos os resultados contabilizados por alguns setores no acumulado deste ano ante o mesmo período de 2012, notamos como os bens semiduráveis vêm sofrendo. O setor têxtil, por exemplo, mostra uma queda de 3,1% no acumulado de 2013 ante 2012. No ano passado, esse índice estava na casa dos -5,2%", afirma.

Outro segmento que apresenta resultados preocupantes, de acordo com os dados do IBGE, é o farmacêutico. Em agosto, a produção recuou 5,6%, e já acumula perda de 18,8% nos dois últimos meses. Na comparação com agosto do ano passado, a diferença é ainda maior, cerca de 22%, enquanto, no acumulado do ano a queda do setor chega a 6,9%.

O presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini, afirmou que a categoria não observa a queda apresentada pelo IBGE. "Nossa rentabilidade está pressionada devido a recente alta com custos. No entanto, não há notícias de empresas cortando pessoal ou horas de trabalho", diz. Segundo Mussolini, o setor projeta crescimento entre 10% e 12% no ano, alinhado ao desempenho de 2012. O executivo diz que os empresários não "conseguem repassar todos os custos. No entanto, em abril, o governo autorizou a alta de 4,5%".



Veículo: DCI


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