A Dufry prepara sua expansão no varejo brasileiro para além dos aeroportos. A empresa suíça, que administra lojas em aeroportos, já tem um plano pronto para criar lojas nas fronteiras do Brasil. E também monta uma estratégia com a brasileira Brasif para avançar em outras áreas: lojas em estações de metrô e de ônibus - modelo com o qual opera na Europa e nos Estados Unidos.
Um mapeamento feito pela Dufry aponta que o país tem potencial para abrir de 35 a 50 lojas de fronteira. A lei para esse tipo de comércio foi aprovada pelo Congresso em 2012, sancionada pela presidente Dilma Rousseff, mas precisa ser regulamentada para entrar em vigor. "Temos um plano que gostaríamos de exercer no Brasil. Mas é preciso esperar que as autoridades definam as regras de como vai gerir" este modelo de negócio, disse ontem o espanhol Julián Díaz, CEO da Dufry, em visita a São Paulo.
As lojas de fronteira oferecem margens menores do que as de aeroportos, mas o volume, em geral maior, gera rentabilidade, disse Díaz. A Dufry opera esse tipo de loja em vários países e cada lugar tem suas regras. No México, por exemplo, a loja fica a 800 metros da fronteira.
No caso do varejo doméstico, o modelo ainda está sendo construído. No mês passado, a Dufry anunciou a criação de uma joint venture com o grupo Brasif para desenhar novos projetos no país. "O que estamos fazendo no Brasil é mudar o escopo da companhia."
Essa mudança exige um parceiro local para colocar o plano em prática, e a Dufry escolheu a "Brasif, que trabalhou por 30 anos com "duty free", tem experiência no varejo do mercado doméstico neste momento [possui a rede Loungerie, com 19 lojas de roupa íntima] e tem relações a nível institucional e político", disse Díaz. As lojas "duty free" vendem produtos isentos de imposto de importação.
A Brasif vendeu a operação de "duty free" para a Dufry em 2006. A Brasif atua em várias áreas, de agronegócio e biotecnologia a investimentos financeiros. A joint venture foi feita entre a Dufry South America Investments, operação do grupo suíço no continente, e a Lojas Francas Brasil, da Brasif, para captar novos negócios. A Dufry tem 60% da sociedade, com opção de ampliar a participação em 2014, e a Brasif detém o restante.
A Dufry trabalha com parceiros locais em diversos países, que ajudam a montar negócios por conhecerem o mercado local, disse Díaz: "Se temos que expandir em lojas no metrô, o que esperamos é que o parceiro facilite o contato [com o poder público], que diga qual negócio se adapta e se a política de preços é adequada".
A receita líquida da Dufry somou 3 bilhões de francos suíços (R$ 6,4 bilhões) em 2012, 19,6% a mais do que em 2011. Na região América 2, que inclui o Brasil, a receita líquida somou R$ 1,5 bilhão.
A Dufry opera 1,4 mil lojas em aeroportos, navios de cruzeiro, portos e outros locais turísticos de 45 países. No Brasil, são 62 lojas em 15 cidades. As vendas em aeroporto representam 89% do comercializado pela empresa, sendo 69% no modelo "duty free" e 31% em "duty paid" (lojas que pagam imposto de importação).
Veículo: Valor Econômico