Empresas especializadas na venda de produtos por assinatura estão conseguindo aumentar a base de clientes em 20%, ao mês. Os novos negócios entregam itens para animais de estimação, roupas ou bebidas, mediante um pagamento mensal. Para garantir um bom faturamento, o segredo dos empresários é fidelizar clientes, oferecer novas mercadorias periodicamente e cumprir os prazos de entrega. Nas companhias de venda de vinhos, uma das novidades é o envio, para a casa do cliente, de um especialista que sugere os melhores rótulos, de acordo com as preferências do consumidor.
A carioca Dogbox, criada no ano passado, registra um crescimento médio de 20%, ao mês, na base de clientes. Com uma carteira de 500 assinantes, a empresa de entrega de produtos para cães tem como meta chegar a 5 mil nomes, no ano que vem. "O perfil dos compradores é variado, mas há uma pequena predominância de mulheres, entre 22 e 40 anos, da região Sudeste", diz o sócio-fundador Fabiano Amaral, também responsável pelas áreas de produto e relacionamento com o cliente.
"Geralmente, o segmento de assinaturas é estimulado pela comodidade dos consumidores, na área de roupas, ou pela paixão, por sapatos ou bebidas", diz. "No nicho de pets, podemos ter as duas coisas." Segundo ele, o modelo de negócios ainda permite gerenciar, de forma mais eficaz, duas variáveis importantes dos negócios de varejo: fluxo de caixa e estoque.
O empresário investiu R$ 80 mil para abrir o empreendimento, com dois funcionários. A lista de produtos inclui brinquedos, itens de higiene, acessórios e petiscos para cães. Há pacotes de assinaturas por seis e três meses, além de uma oferta para compradores iniciantes, de apenas um mês. Os preços vão de R$ 60 a R$ 300.
A Dogbox faturou R$ 20 mil nos últimos meses de 2012, quando começou, e a previsão é faturar R$ 250 mil em 2013. "O público está conhecendo melhor o modelo de assinaturas." Em 2014, Amaral vai lançar entregas de produtos para gatos.
Também no setor de animais de estimação, a loja on-line PetLove briga por uma fatia do mercado com um sistema de entrega de rações. "Oferecemos mais de 15 mil itens para cães, gatos, aves, peixes e répteis, com entrega em todo o Brasil e pagamento em até seis parcelas, sem juros", garante o diretor-presidente e médico veterinário Márcio Waldman. "Todos os produtos à venda no site também são elegíveis para a inscrição mensal", afirma.
Waldman tinha uma clínica veterinária, com cirurgias e serviços de banho e tosa, mas estava insatisfeito com o crescimento do negócio. "Procurei outras formas de atuar no mesmo mercado, mas com uma maior possibilidade de escala." As assinaturas da loja não têm valores fixos. É o cliente quem escolhe quanto vai pagar, dependendo dos produtos que quiser receber mensalmente.
A PetLove tem cerca de 10 mil clientes e a maioria é de proprietários de petshops, preocupados em alimentar os estoques. "O banco de clientes tem crescido cerca de 80%, ao ano", afirma. No ano passado, o empresário teve de migrar para um novo centro de distribuição, localizado em São Paulo, para dar conta dos pedidos. "O galpão ganhou mais recursos de automação para processar as encomendas." Segundo Waldman, os problemas relacionados à logística estão entre os principais obstáculos do setor, desde o recebimento, armazenagem e despacho dos produtos para o consumidor.
Desatar os nós da logística também faz parte da agenda das empresas que trabalham com envios mensais de bebidas. "Um dos maiores problemas é o custo do transporte. Também enfrentamos dificuldades, desde setembro, com o aumento dos impostos sobre os vinhos", diz o americano Alykhan Karim, fundador e CEO da Sonoma, criada em 2012, em São Paulo.
O site saiu do papel depois de um investimento inicial de R$ 450 mil. Com 28 funcionários, oferece também cervejas e destilados, produtos gastronômicos e acessórios para mesa e cozinha. O diferencial é um serviço de "concierge por assinatura", que envia à casa do cliente um sommelier para entender as preferências pelas bebidas. Há assinaturas a partir de R$ 100 ao mês, com kits de duas a três garrafas, e frete grátis.
A Sonoma já conquistou 150 assinantes, a maioria entre 35 e 50 anos de idade, em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. Faturou R$ 600 mil em 2012 e estima chegar a R$ 4,5 milhões de faturamento neste ano. "Há um alto índice de recompra por causa da fidelização de clientes", diz. Em 2013, a empresa recebeu aportes de investidores-anjos e do fundo de investimento 500Startups, do Vale do Silício. "Já atingimos uma média de 10 mil rótulos vendidos ao mês."
No CluBeer, de cervejas especiais, o cadastro de assinantes engordou cerca de 70%, nos últimos dez meses. "Passamos de 2,8 mil para 5 mil associados", diz a diretora Cristiana Fróes Ficoni Bratt. O plano é fechar o próximo ano com mais de 10 mil compradores.
O serviço, que oferece mais de 700 rótulos, foi lançado no fim de 2011. O investimento na primeira fase do negócio foi de cerca de R$ 200 mil, para o desenvolvimento da plataforma de e-commerce, estrutura física e caixa para os meses iniciais de operação. Hoje, tem 20 funcionários e vende quatro tipos de assinaturas, entre cervejas brasileiras e importadas. Os preços começam em R$ 59.
O CluBeer obteve um faturamento de cerca de R$ 800 mil em 2012 e pretende encerrar 2013 com R$ 2 milhões. "Estamos mais conhecidos e investimos nas redes sociais." A página da empresa na internet tem 250 mil seguidores. No ano que vem, o plano de Cristiana é lançar uma loja on-line para a venda direta de cervejas.
Veículo: Valor Econômico