Embora ainda vá demorar cerca de um ano para atingir plena eficiência, a nova fábrica de sandálias da Alpargatas em Montes Claros (MG) deve minimizar os problemas de restrição de capacidade da companhia já neste fim de ano.
Em teleconferência com analistas e investidores ontem, Márcio Utsch, presidente da Alpargatas, projetou "maiores vendas" em volume de Havaianas no quarto trimestre por causa da inauguração da fábrica em outubro.Segundo o executivo, quando a unidade de Montes Claros alcançar sua capacidade máxima, os custos de produção por par de sandália Havaiana devem cair entre 10% e 12%.
No terceiro trimestre, a Alpargatas reportou alta de 8,9% na receita líquida, para R$ 865 milhões. No entanto, as vendas de Havaianas, principal marca da companhia, recuaram 5% em volume na comparação com igual período de 2012. A queda ocorreu principalmente por limitações de entrega de produto, e não por um declínio da demanda, informou a empresa.O ganho final da Alpargatas ficou em R$ 74,5 milhões no trimestre, praticamente estável em relação a um ano antes.
Os custos de produção da companhia cresceram praticamente em linha com o faturamento, 8,2%, garantindo um leve ganho na margem bruta. As despesas operacionais, por sua vez, saltaram 20,2%, para R$ 287,8 milhões corroendo a rentabilidade operacional no período.O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) subiu 1,4% na comparação anual, para R$ 104,7 milhões.
Utsch disse que a queda no preço da borracha este ano deve ajudar a companhia a melhorar seus resultados daqui para frente. De acordo com o executivo, ainda há estoque de produtos produzidos com borracha mais cara. "Mas a tendência é que a queda no custo com essa commodity comece a ter reflexos positivos na nossa margem de agora em diante", afirmou.
De acordo com o executivo, ainda não há sinais claros de mudanças nas condições macroeconômicas da Argentina, onde a Alpargatas tem uma operação importante. Apesar disso, a fabricante está estruturando bem a sua operação no país e enxugando custos. "Estamos preparados para ganhar muito dinheiro na Argentina. Já estamos com a vela levantada, falta só soprar o vento", disse o executivo.
Utsch disse ainda que a empresa está confiante nas perspectivas de longo prazo para o Brasil e que, por causa disso, a Alpargatas não "tirou o pé" de nenhum dos seus investimentos no país.
Veículo: Valor Econômico