O intercâmbio comercial, os investimentos e o turismo entre o Brasil e os países árabes foram discutidos ontem em um fórum econômico entre as partes. O objetivo é fomentar o contato entre os países, superar obstáculos do relacionamento bilateral, diversificar parcerias, explorar novas áreas de atuação e manter contatos para investimentos. No ano passado, o comércio entre o Brasil e os países árabes movimentou aproximadamente R$ 26 bilhões.
Somados, os 23 países do grupo representam a quarta maior parceria comercial do Brasil. O superávit da conta é brasileiro, com R$ 14,7 bilhões em exportações, sobretudo de carnes, minérios e açúcar. O Brasil compra derivados de petróleo.
O fluxo de produtos e de investimentos entre o Brasil e os países árabes cresceu em ritmo mais acelerado do que o comércio brasileiro com o exterior em geral. Em 2001, o fluxo comercial entre o Brasil e os países árabes ficou em torno de R$ 13,9 bilhões - quase 36% menos do que o montante atual.
Essa dinâmica, segundo o especialista em negociações internacionais da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fabrizio Panzini, é uma evidência da diversificação das parcerias de ambos e do potencial dos mercados envolvidos. Para ele, uma das áreas em que há muito potencial é a de produtos alimentícios, na qual pode ser agregado valor em alimentos processados. Outra fronteira de expansão são os investimentos.
O especialista ressalta que a pauta comercial é reflexo da estrutura econômica dos países e diz que é mais difícil haver diversificação no curto prazo. "Os fundos soberanos desses países têm enorme volume de recursos e é interesse deles investir no Brasil. Hoje, a maioria dos investimentos é nos setores financeiro e imobiliário", acrescentou.
O gerente de exportação para o Oriente Médio do Grupo JBS Friboi, Rada Saleh, considera o norte da África área chave para as exportações de carne brasileira. Saleh informou que, de janeiro a setembro, as exportações da empresa já tinham superado em 23% todo o montante exportado no ano passado. Desse total, 9% foram para os países do norte da África.
No sentido contrário, o Brasil investe nesses países no ramo bancário, com a abertura de filiais dos maiores bancos brasileiros (Itaú e Banco do Brasil) e na construção civil. "Temos muito espaço ainda para explorar", disse o subsecretário-geral político do Ministério das Relações Exteriores, Paulo Cordeiro.
Para o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Michel Alaby, um dos principais entraves aos exportadores no Brasil é a concessão de visto aos empresários. Para ele, a facilitação dos trâmites desburocratizaria o comércio.
Veículo: DCI