A Sony deverá estender seu patrocínio à Fifa e à Copa do Mundo de Futebol para além do torneio, informou ontem o presidente da subsidiária brasileira do grupo.
O acordo atual termina após a Copa no Brasil no ano que vem e o presidente da Sony Brasil, Osamu Miura, disse ontem que a administração da companhia em Tóquio ainda vai negociar a extensão de seu maior contrato de patrocínio.
"Eu realmente espero que a sede da Sony decida continuar porque a próxima Copa do Mundo depois da do Brasil será a da Rússia, seguida da do Qatar", disse Miura. "Estes mercados também são muito importantes para a Sony."
A importância do Brasil para a Sony cresceu ao longo da última década e o país está hoje entre os "cinco ou seis" maiores mercados do grupo, segundo Miura, que não forneceu detalhes financeiros. "A Rússia também é um dos BRIC e portanto também é muito importante para nós", acrescentou ele referindo-se ao grupo formado pelo Brasil, Rússia, Índia e China.
A ascensão da Sony no Brasil coincide com o crescimento em tamanho da classe média do maior país da América do Sul. "Levamos 12 anos para dobrar o tamanho da companhia e então fizemos isso de novo em três anos", disse Carlos Paschoal, diretor de marketing e comunicações da Sony Brasil.
Recentemente, a Fifa passou por um programa de reformas após as alegações de corrupção envolvendo altos funcionários da entidade. O escândalo não foi suficiente para afugentar nenhum de seus patrocinadores, que incluem a Coca-Cola e a Hyundai. No ano passado, a Fifa conseguiu US$ 350 milhões com patrocínios relacionados à Copa do Mundo. Delia Fischer, porta-voz da entidade, disse ontem que a organização não comenta negócios em andamento.
No mês passado, a Adidas, segunda maior fabricante de artigos esportivos do mundo, ampliou seu acordo de patrocínio para 2030. Com isso, vai manter uma relação ininterrupta de 60 anos com a Fifa.
"A Copa do Mundo é muito importante para a Sony", disse Miura na semana passada durante o sorteio das chaves da competição, que será realizada de 12 de junho a 13 de julho. "Estamos esperando um crescimento muito grande. Poderemos ter seis meses dourados."
A Sony, a maior exportadora de produtos eletrônicos do Japão, está apostando em seu novo televisor "ultra high-definition 4K", após ter desistido da tecnologia 3D. Uma versão de 65 polegadas do modelo mais novo custa cerca de US$ 10 mil no Brasil, bem mais do que nos Estados Unidos ou Europa, por causa da carga de impostos maior. A Sony precisa fabricar a maior parte de seus produtos para venda no Brasil em Manaus, porque a importação encareceria ainda mais os produtos, disse Miura. Os produtos vendidos no resto do mundo são fabricados na China e no Japão.
As vendas de televisores em junho, durante a Copa das Confederações, um evento que serve de teste para a Copa do Mundo, foram menores que o esperado porque protestos populares explodiram nas maiores cidades do país, como o Rio, São Paulo e Brasília.
"Foi lastimável o que aconteceu na ocasião porque muitas manifestações ocorriam todos os dias, com o fechamento de ruas. As pessoas não podiam ir aos shopping e assim perdemos uma oportunidade durante a Copa das Confederações", disse Miura.
No auge das manifestações, 1 milhão de pessoas tomaram as ruas protestando contra a desigualdade social, a corrupção e o custo de US$ 11 bilhões da Copa num país com sistemas de saúde e educação deficientes. A Coca-Cola cobriu seu painel em frente do estádio do Maracanã, onde será disputada a final da Copa, enquanto manifestantes e a polícia entravam em confronto.
Miura disse que a Sony adotou medidas especiais para garantir que seus convidados corporativos não fossem afetados, que incluíram deixar os hotéis "bem mais cedo" e reforçar a segurança. Os organizadores afirmam que poderá haver mais manifestações na Copa do Mundo. "Se isso acontecer, vamos criar algumas barreiras", disse Miura. A Sony quer distribuir 2 mil ingressos para consumidores no Brasil e milhares de outros para o varejo e outros clientes.
Veículo: Valor Econômico