O ano de 2013 para o mercado de açúcar e de etanol foi turbulento, com ocorrências raras, difíceis de serem analisadas. E tampouco explicadas. De acordo com relatório elaborado pela empresa de consultoria em agronegócio, Safras & Mercado, os últimos 12 meses foram marcados por contração na rentabilidade do açúcar e nas cotações futuras internacionais.
No mercado doméstico, usinas de propriedade de grandes multinacionais foram vendidas. E, finalmente, já em outubro, com a safra de cana-de-açúcar na reta final no Centro-Sul, um incêndio no Porto de Santos - principal ponto de escoamento do açúcar brasileiro para o exterior - destruiu um terminal da Copersucar, maior comercializadora de açúcar e de etanol do mundo.
Em Nova York, os principais referenciais para o preço do açúcar em escala mundial desceram para os patamares mais fracos de três anos e meio, ficando abaixo de 16 centavos de dólar por libra peso, pior marca desde junho de 2010, devido principalmente ao excesso de oferta global.
Todas as consultorias e entidades ligadas ao setor apontam que a temporada 2013/14 será a quarta consecutiva em que a produção fica acima dos níveis de consumo. O volume de excedente será menor, mas ainda assim é um fator fundamental que não sai da cabeça dos investidores.
Para o analista de Safras & Mercado Maurício Muruci, o ano de 2014 no mercado sucroenergético estará sujeito a ser influenciado por diversos vetores que poderão mudar o atual tom negativo.
Contratos - Segundo ele, os contratos futuros com vencimentos mais próximos do açúcar refinado em Londres e do açúcar bruto em Nova York se encontram em uma "área de acomodação", tecnicamente e graficamente falando, e devem iniciar uma curva de alta muito em breve.
Mas, conforme o especialista, a análise gráfica na qual se baseiam as expectativas de recuperação para o médio prazo nas cotações futuras do açúcar pode vir a ser neutralizada pelas dúvidas em relação ao comportamento da economia mundial, particularmente da China, União Europeia e Estados Unidos.
Para 2014, Muruci aponta que é provável uma recuperação dos preços em Nova York, para 17,00 centavos de dólar por libra peso e até mesmo para 18 centavos de dólar por libra peso, ainda no primeiro trimestre. Porém, a faixa de 17 centavos é mais prudente, ao passo que acima de 18 é praticamente impossível de se pensar neste momento. Segundo ele, Para um mercado que acumula perdas há três anos, pensar em uma súbita recuperação seria praticamente imaginar "um paraíso na terra".
Veículo: Diário do Comércio - MG