Com a incerteza do cenário econômico e menor disponibilidade de capital no mercado, algumas empresas do setor de shopping centers já mostram maior cautela e admitem que podem até postergar a construção e inauguração de de alguns centros de compras de 6 meses a 1 ano, entre os que já haviam sido anunciados, mas reafirmam não terem planos de cancelar seus projetos, como a General Shopping, uma das maiores do segmento, com 12 shoppings, que afirma que ainda está aguardando para tomar decisões. Outra no perfil é a administradora AD Shopping, com 26 malls no portfólio e que recentemente passou a participar dos empreendimentos como investidora e desenvolvedora.
Na General Shopping, três projetos greenfild de shoppings [ Itupeva (SP), Barueri (SP) e Rio de Janeiro] estão em andamento, mas podem ter seus prazos de inauguração ajustados. NoParque Shopping Barueri, em Barueri, na Grande São Paulo, por exemplo, já está prevista a instalação de 160 lojas em 25 mil metros quadrados de Área Bruta Locável (ABL) e a previsão era do shopping ser inaugurado no quarto trimestre de 2009, mas isso pode ser alterado. De acordo com o diretor de Relações com Investidores da empresa, Alessandro Veronezi, isso não acontece por conta de um desempenho ruim. Ao contrário, não foi registrada ainda queda no performance das vendas nos shoppings no final do ano passado, mas a postura adotada é a de cautela, acompanhando o movimento do varejo e como as redes devem se comportar, para não correr riscos.
"Só devemos fixar um cronograma a partir de março, o que pode acontecer é uma velocidade diferente de inauguração. Os licensiamentos dos projetos já estão autorizados, mas precisamos aguardar o varejo ", diz. O executivo explica que a empresa possui uma área de análise e de relação com o varejo e é preciso analisar cada setor, já que uns podem sentir maior impacto da crise do que outros, prejudicando a composição do mix do shopping. "O crescimento dos supermercados, por exemplo, estava baixo, mas agora teve crescimento maior com a crise, já o varejo de eletroeletrônicos e linha branca vinha com crescimento de dois dígitos, depende também da característica de administração de cada companhia", afirma.
Veronezi ainda disse que a empresa está aguardando a autorização de uma nova captação de recursos no valor de R$ 40 milhões para estabilizar seu caixa. Segundo os últimos resultados anunciados da empresa, do terceiro trimestre de 2008, a companhia teve alta de 57,6% na sua receita bruta, mas não registrou lucro líquido, com prejuízo de R$ 8,3 milhões em função do aumento de despesas no período.
Já a AD Shopping , do empresário Hélcio Póvoa, está com um plano agressivo de expansão, que quer manter, tendomudado sua estratégia, passando não só administrar os shoppings, mas também a participar de seu desenvolvimento, porém, informou que deve também agir com mais cautela e atrasar alguns projetos de 6 meses a 1 ano. A empresa "avalia as mudanças na economia".
Em entrevista recente, o empresário da AD Shopping havia anunciado cinco novos projetos: dois no interior de São Paulo (Botucatu e Ourinhos), com previsão de inauguração até o ano que vem, e investimentos de R$ 40 milhões cada. Além disso, o empresário comentou sobre outros três malls na regiao Norte do País, nas cidades de Santarém e Marabá, no Pará, e outro no estado do Maranhão, com investimentos maiores, de R$ 300 milhões.
Setor
Uma das líderes do setor de shopping centers, a BR Malls não está se pronunciando sobre perspectivas para esse ano e outras que também disputam a liderança, como Multiplan, Brascan, Aliansce, Sonae Sierra Brasil, por exemplo, ainda não anunciaram atrasos. Porém, alguns empresários do segmento, conforme já havia andiantado o DCI, acreditam que ocorrerá sim uma desaceleração, mas principalmente em empresas de médio porte.
De acordo com Bayard Lucas de Lima, executivo-chefe (CEO) da Brascan Shopping Centers, "as grandes empresas do segmento, pelo menos as cinco maiores, como nós, não deverão sofrer alterações, mas as médias podem começar a ter problemas em um ou outro projeto. Nos próximos três, quatro meses, porém, todas devem aguardar", declarou ele.
O executivo ainda afirmou, apesar de não revelar de quais empreendedoras são os malls, que a previsão para o ano de 2009 era de que cerca de 20 novos projetos seriam inaugurados, mas, destes, apenas sete irão adiante em 2010. Outros 13 poderão ser atrasados ou já estão engavetados. No caso da Brascan, garante que a empresa possui capital e que este ano a previsão é de aplicar ao menos R$ 350 milhões de recursos próprios, sendo três projetos greenfield, além de 12 expansões e renovações previstas.
Cautela é a palavra de ordem do setor de shoppings, que de olho nos indicadores econômicos já estuda adiar, de 6 meses até um ano, a velocidade de inaugurações para os projetos greenfield [obras que partem do zero]. A AD Shopping, do empresário Hélcio Póvoa, que administra 26 malls, prevê atrasar alguns projetos de 6 meses a 1 ano, por estar "avaliando as mudanças na economia", mas descarta cancelar projetos.
Já Alessandro Veronezi, diretor de Relações com Investidores da General Shopping - uma das maiores do segmento -, com 12 empreendimentos, afirma que a meta agora é aguardar o desempenho do primeiro trimestre no varejo para acertar o cronograma de aberturas para este ano. Hoje são três projetos da companhia em andamento, em São Paulo [Itupeva e Barueri] e no Rio de Janeiro. O Parque Shopping Barueri, que prevê 160 lojas e 25 mil metros quadrados de Área Bruta Locável, está programado para ser inaugurado no quarto trimestre, mas isso pode mudar caso o mercado não deslanche.
Também a indústria da construção civil começa 2009 estagnada. A previsão de MRV Engenharia, EZTec Empreendimentos e Rodobens é que este primeiro trimestre seja "morno" para as empresas, cujos resultados obtidos no quarto trimestre de 2008 foram prejudicados pela crise financeira. Porém, o mercado está otimista para o segundo semestre, com o pacote habitacional do governo.
Veículo: DCI