Rio. A alta de 1,0% na confiança do consumidor em junho foi influenciada pela desaceleração de inflação de alimentos no período e também pelos efeitos sobre a economia trazidos pela Copa do Mundo, afirmou ontem a economista Viviane Seda, coordenadora da Sondagem do Consumidor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O evento esportivo contribuiu para melhorar a percepção de algumas famílias, principalmente das classes de renda 1 (até R$ 2,1 mil mensais) e 3 (R$ 4,8 mil a R$ 9,6 mil mensais), sobre o emprego e consequentemente o orçamento doméstico.
Apesar da queda de 1,2% no quesito que mede a percepção sobre o emprego atual, os consumidores dessas classes de renda tiveram aumento na confiança em relação ao mercado de trabalho. "Sabemos que não há geração de vagas, mas há empregos temporários", disse Viviane, citando segmentos como hotelaria, bares e restaurantes e transporte aéreo como grandes demandantes de mão de obra no período do Mundial.
A melhora na avaliação sobre emprego trouxe a reboque um avanço na percepção sobre a situação atual da economia (2,8%) e das finanças (2,0%) das famílias. Diante de uma oportunidade de trabalho, os consumidores estão mais contentes com a chance de incrementar a renda familiar, disse Viviane. Entre as famílias mais modestas, a visão sobre a economia melhorou sensivelmente (13,6%).
"O resultado foi diretamente influenciado pela Copa. Teve uma desaceleração na inflação de alimentos que impactou essa faixa de renda, mas também tem o emprego temporário. Isso faz com que eles fiquem mais satisfeitos em relação à economia", afirmou a economista.
Mais notável
Entre as capitais, o efeito Copa foi mais visível no Rio de Janeiro, que é a mais otimista entre as sete cidades que integram a pesquisa. "O Rio está melhor exatamente pela questão da Copa. É a cidade onde tem mais turistas, então os serviços ficam mais movimentados", citou Viviane. Essa demanda, segundo ela, acaba influenciando a necessidade de mão de obra temporária, acrescentou.
Apesar da visão mais favorável sobre o momento corrente, os consumidores não parecem ter ilusão de que isso continue nos próximos meses. O indicador de emprego futuro continua em queda para todas as faixas de renda, e 31% dos consumidores acham que será mais difícil conseguir emprego no semestre à frente. "Todos os consumidores são unânimes em dizer que vai haver redução no emprego", destaca Viviane.
Veículo: Diário do Nordeste