Economia desaquecida está derrubando os negócios em Minas Gerais
Leonardo Francia
O desaquecimento da economia brasileira, especialmente nos setores industrial e comercial, está derrubando os negócios das transportadoras de carga de Minas Gerais. Além de conviver com baixa demanda e aumento da concorrência, as empresas tiveram que achatar as margens de lucro. E, como se não bastasse, o segmento não só perdeu capacidade de investir na renovação ou ampliação da frota como está passando por uma espécie de "desinvestimento", revendendo parte dos veículos adquiridos há um ou dois anos para conseguir pagar os financiamentos.
O presidente da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), Vander Francisco Costa, confirma que "a situação é crítica". "O transporte de cargas reflete a economia, principalmente a indústria e o comércio. Como esses setores estão em queda, estamos enfrentando dificuldades. Até maio, o movimento estava equiparado com o do ano passado. Mas, de lá para cá, dependendo do segmento de atuação da empresa, a demanda caiu de 20% a 30%", diz.
Ainda segundo ele, os negócios do setor em Minas estão a cada dia piores, pressionados pelo fraco desempenho da economia nacional e pelo aumento da concorrência. Com demanda menor, as empresas reduzem os preços dos fretes para conseguir clientes, fazendo com que a atividade, como um todo, opere com margens achatadas. "Não dá para trabalhar abaixo dos custos, mas as margens estão cada vez mais apertadas", destaca.
"Em 2011 e 2012, os empresários tinham expectativa que a economia iria continuar em crescimento e investiram em frota. Agora, as empresas têm que pagar os financiamentos sem ter serviço para fazer. uma situação difícil", acrescenta o presidente da Fetcemg.
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Demanda caiu - A diretora-secretária do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Estado de Minas Gerais (Setcemg), Juliana Vieira Martins, concorda que a situação ruim é generalizada, independentemente do ramo de atuação da transportadora. " geral. A demanda caiu para quem atende a indústria, o comércio, o agronegócio e o setor de combustíveis", pontua.
Conforme Juliana Vieira, além de a atividade ser um termômetro da economia, o transporte de combustíveis é outro bom indicador, na medida em que sinaliza a demanda das próprias transportadoras. "Estamos sentindo essa dificuldade também neste segmento. Se os caminhões rodam menos, o consumo e o transporte de combustíveis também é menor", explica.
"Todas têm um custo fixo e a concorrência aumentou, com várias transportadoras reduzindo o preço dos fretes. E as empresas têm que buscar alternativas para pagar essas despesas", acrescenta. Além disso, de acordo com ela, o óleo diesel B S500 sofreu reajuste de 2,53% a partir de 22 de julho e o B S10 subiu 1,67%.
"Não tem como repassar esse aumento de custo, que derruba ainda mais as margens. uma situação que não chega para o consumidor, mas os transportadores estão sofrendo com isso", lamenta a diretora-secretária.
Veículo: Diário do Comércio - MG