Utilização da tecnologia para transportes é um dos temas do fórum de logística que acontece hoje em Porto Alegre
Rafael Vigna
Algumas alternativas para utilização de dirigíveis no transporte de cargas serão apresentadas hoje, em Porto Alegre, durante a 2ª edição do Fórum Infraestrutura & Logística, promovido pela Câmara Brasil-Alemanha. As possibilidades abertas com o desenvolvimento de aeronaves que empregam a tecnologia mais leve que o ar (lighter than air, LTA, na sigla em inglês) tendem a privilegiar as regiões do País onde o acesso terrestre ainda é bastante prejudicado.
As condições costumam ser encontradas, principalmente, nos estados do Norte e do Nordeste. No entanto, conforme explica o diretor de gestão da Transportes Bertolini e diretor da Airship, Paulo Vicente Caleffi, um dos palestrantes do evento que ocorre a partir das 8h30min, no Hotel Laghetto Viverone, nada impede que a aplicação possa ser difundida no Rio Grande do Sul.
“Em alguns lugares do mundo, como o Brasil, ainda persistem dificuldades no que se refere à implantação de infraestrutura em transportes. Nestes locais, o dirigível ainda é extremamente viável. Descobrimos esta viabilidade e, sobretudo, que os custos associados comportariam os investimentos necessários”, comenta.
Neste contexto, Caleffi garante que os estudos iniciados em 1992 demostram, com clareza, a viabilidade econômica para a formatação de um novo modal. A partir disso, o projeto da Indústria Aeronáutica Airship Brasil - formada pela união das empresas de transporte, Bertolini, e de engenheira, Engevix – passou a programar testes, no primeiro semestre de 2017, para dar início às operações de um cargueiros com capacidade para transportar até 30 toneladas. Batizado de ADB 3, o dirigível de 100 metros de comprimento deve percorrer distâncias de até 2 mil quilômetros a uma velocidade de 100 km por hora.
As especificações idealizadas consideram os custos necessários para tornar o equipamento competitivo em relação aos preços praticados pelo transporte rodoviário. Pensado inicialmente para atender as demandas da Amazônia, na avaliação de Caleffi, a aeronave pode ser aplicada para a realidade gaúcha.
“É obvio que isso sozinho não resolve o problema do Estado. O Rio Grande do Sul precisa de algo mais. No fórum, pretendemos capitanear algumas ideias para colaborar com desenvolvimentos voltados a esse objetivo”, destaca Caleffi.
Um dos principais benefícios é baixa necessidade de investimentos para pousos e decolagens. A ideia é que os pontos de partidas e chegadas sejam feitos sobre a água – o que demandaria menores valores para a adaptação de infraestrutura em terra.
Enquanto o voo inaugural não ocorre, outras apostas entram em fase final de implantação. Além da utilização militar e em publicidades, o transporte de cargas pesadas em refinarias começa a se tornar uma realidade. Segundo Caleffi, o deslocamento de 70 toneladas em áreas de até 200 metros já é possível. Neste caso, os equipamentos são içados por cabos.
Veículo: Jornal do Comércio - RS