De uma área certificada de 1,8 milhão de hectares foram embarcados produtos orgânicos no valor de US$ 58 milhões em 2008, crescimento de 176% na comparação com o ano anterior. Os números são das 64 tradings associadas ao projeto Organics Brasil e podem não refletir por inteiro o market share já alcançado pelo setor.
Há controvérsia quanto ao tamanho do mercado internacional desbravado pelos produtos orgânicos de origem brasileira. Levantamento da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) aponta que pouco mais de 13 mil toneladas foram negociadas rendendo apenas US$ 12,39 milhões à balança do setor. Contudo, apenas o Grupo Agropalma, negociou quase 10 mil toneladas da versão orgânica do óleo de palma beneficiado.
"A diferença entre os números pode ser justificada pela falta de registro alfandegário. Nem tudo que é orgânico deixa o Brasil como tal", explica Ming Liu, coordenador do Organics Brasil. Em 2005, as empresas produtoras de orgânicos calcularam o embarque de apenas US$ 9,5 milhões de toneladas. Para a Secex, nessa época eles ainda nem negociavam com compradores externos. Os dados da Secretaria são de 2006, ano em que eram contabilizadas por este crivo apenas US$ 4,8 milhões vendidos.
Mesmo fora, parcialmente, das estatísticas oficias, o setor comemora a manutenção da demanda, apesar da crise financeira. "O questionamento vai ser o preço. Os negócios continuam sendo fechados, porém sem antecipações", revela Liu. O representante do setor prefere não projetar os números esperados pela indústria para este ano. "O que sabemos é que não haverá regressão da receita nem dos mercados já conquistados", acredita.
Ameaçadas por uma já sentida queda nas cotações dos orgânicos, as empresas exportadoras se agarram à taxa cambial para sustentar a expectativa de crescimento da renda em real e justificar os investimentos. Maior produtor de óleo de palma da América Latina, o Agropalma embarcou para Oakland, na Califórnia (EUA), a primeira carga de gordura de palma refinada orgânica com o Selo EcoSocial, uma espécie de prêmio pago pela tonelada certificada pelo Instituto Biodinâmico (IBD) e que é convertido em investimento pela empresa.
André Luiz Gasparini, gerente de exportação da Agropalma, revela que pelo menos dois conteineres já foram negociados este ano. Em 10 anos de atuação nesse mercado, a Agropalma investiu cerca de US$ 250 milhões. O principal mercado da empresa é o americano.
Os produtos orgânicos brasileiros alcançam cerca de 70 países, em especial os do leste europeu. Maior exportador da variedade de açúcar, ano passado o País despejou 40 mil toneladas do produto no mercado externo. O principal grão brasileiro embarcado é a soja - em 2008 foram negociadas no mercado internacional 20 mil toneladas da oleaginosa orgânica. Mas o "carro-chefe" do setor são as frutas.
Veículo: Gazeta Mercantil