A desaceleração na Ásia e a força do franco suíço impactaram as vendas da Nestlé, maior processadora mundial de alimentos.
Assim como as demais empresas do setor, a Nestlé vem batalhando contra uma série de problemas, que vão desde a desaceleração do crescimento nos países emergentes até pressões deflacionárias na Europa, onde os consumidores continuam apertando os cintos depois da crise financeira.
O CEO Paul Bulcke disse que a Nestlé enfrentava um ambiente "duro" e alertou para a possibilidade de as condições ficarem ainda mais difíceis. "O crescimento não vem se recuperando nos mercados desenvolvidos e alguns dos motores começam a falhar por lá", disse.
Também destacou, no entanto, que ainda espera crescimento "ao redor" de 5% neste ano para o grupo suíço, levando em conta variações cambiais e aquisições e vendas de operações.
Nos primeiros nove meses do ano, a receita da Nestlé caiu 3,1% em relação ao mesmo período de 2013, para 66,2 bilhões de francos suíços (US$ 70,1 bilhões), abaixo das previsões dos analistas, de 66,8 bilhões de francos.
A moeda suíça valorizou-se em relação ao dólar, iene, euro e a uma séria de moedas de países emergentes neste ano. Com ajustes relativos a essas variações, assim como a vendas e aquisições, a Nestlé informa que as vendas subiram 4,5%.
Como por esse critério, as vendas haviam aumentado 4,7% no primeiro semestre, isso implica uma desaceleração no terceiro trimestre. "No geral, os resultados foram bastante decepcionantes e surpreendentes", escreveu o analista Andrew Wood, da Bernstein.
"O crescimento orgânico no terceiro trimestre [de 4,1%] ficou um tanto abaixo de nossas expectativas [...] e do consenso. Isso foi motivado por uma debilidade excepcional em termos de volume [que cresceu apenas 1,2%], que esteve no menor patamar desde o pior da recessão no segundo trimestre de 2009".
As vendas na Ásia, Oceania e África subiram 6,5% nos nove primeiros meses, em moedas constantes, em comparação aos 7,5% do primeiro semestre, com o que o crescimento nessas regiões desacelerou-se. De acordo com a Nestlé, manifestações políticas tiveram "impacto significativo" em vários países e as condições continuaram "desafiadoras" nessas regiões, em especial na China.
As ações da Nestlé fecharam em baixa de 3%, cotadas a 64,95 francos, em Zurique. (Tradução de Sabino Ahumada)
Veículo: Valor Econômico