Apesar da crise que assola a economia no mundo, as grandes redes de farmácias continuam em expansão. Mesmo nos Estados Unidos, berço do desastre econômico atual, a Walgreens, segunda maior rede de drogarias e farmácias norte-americana, contabilizou vendas de US$ 5,2 bilhões em janeiro de 2009, o que representa um aumento de 5,3% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando a companhia registrou vendas de US$ 4,9 bilhões. Em dezembro, as vendas somaram US$ 6,1 bilhões, um avanço de 10,8% em comparação ao mesmo mês de 2007, quando a companhia totalizou US$ 5,5 bilhões. "Isso só quer dizer que as pessoas não passam sem medicamentos e produtos de higiene e beleza", diz Sérgio Mena Barreto, presidente da Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).
No entanto, segundo o executivo, ninguém está imune à crise, mesmo contando com uma moeda estável, como a que se apresenta hoje. "Aliás, há pelo menos 16 anos contamos com uma certa estabilidade", afirma Mena Barreto. "Observamos também que por todas as crises pelas quais passamos, o setor fármaco foi o último a entrar na crise e o primeiro a sair dela. É como comida. Ninguém deixa de se alimentar. Podemos substituir um produto pelo outro mas deixar de comer não é possível", explica.
Para ilustrar o avanço do segmento na economia, Mena Barreto cita o faturamento das 24 redes associadas à Abrafarma (representado pelas grandes redes). As redes filiadas à associação faturaram R$ 10 bilhões em 2008, um aumento de 21,32% em relação a 2007. Os medicamentos representaram R$ 7,3 bilhões, 73,53% do faturamento no ano. A venda de não-medicamentos obteve aumento de 24,64%, representando 26,47% do total das vendas nas redes e drogarias. O bom desempenho foi puxado pela alta do índice de comercialização de genéricos. Ou seja, 26,31% a mais que no mesmo período do ano anterior.
O Programa Farmácia Popular também impulsionou o faturamento das lojas, com vendas que chegaram a R$ 166,8 milhões, em 2008. Por meio deste convênio das redes com o Ministério da Saúde, mais de 7 milhões de atendimentos foram realizados e 15,8 milhões de medicamentos dispensados no período. "Mais de 371 milhões de atendimentos foram registrados no ano, com 996 milhões de unidades vendidas para 24 estados do País e 286 cidades nas quais as grandes redes da Abrafarma atuam. As 2.191 lojas são responsáveis por 26,4% das vendas de 26,4% das vendas de medicamentos em todo o País", afirma Mena Barreto.
O programa "Aqui tem Farmácia Popular" - no qual o governo arca com 90% do preço do medicamento e 10% é pago pelo cliente - também representa um ganho para as farmácias das grandes redes. "A boa performance vem do lucro em escala e da gestão adequada, fatores que são relevantes e responsáveis pelo sucesso deste tipo de negócio", diz.
O Brasil possui 55 mil farmácias. As grandes redes têm cinco mil lojas que representam 46% do mercado. A Abrafarma é composta por 25 redes, que representam 36% do mercado.
Para as pequenas e médias farmácias, a situação é outra. Elas contam com os distribuidores. "Quem faz uso da distribuição pode encontrar problemas devido à redução de crédito e prazo de pagamento ", diz, acrescentando que a substituição de tributação - desde fevereiro d e2008 - também pode ter interferido negativamente nos resultados das pequenas e médias empresas porque agora a indústria recolhe o imposto na venda do produto.
Veículo: Gazeta Mercantil