As expectativas positivas para este Natal, proporcionadas pela valorização do dólar frente ao real, que reduziu as importações da indústria de bens de consumo, aumentaram a produção da Estrela, maior fabricante de brinquedos do Brasil. Desde junho, a planta mineira da companhia, localizada em Três Pontas (Sul de Minas), opera na capacidade máxima e a produção deste ano está 30% acima da registrada no ano passado.
De acordo com o diretor de Marketing da empresa, Aires Fernandes, a perspectiva da Estrela é de crescimento de 25% a 30% no faturamento deste ano em relação a 2013. Isso se deve, segundo ele, aos itens produzidos que "fizeram a cabeça" das crianças. Entre eles, o carro-chefe da marca é a porquinha cor-de-rosa Peppa Pig, cuja boneca se tornou o maior sucesso da Estrela nos últimos anos, seguida pelos demais brinquedos da linha.
"Realmente, a Peppa é um daqueles casos extraordinários de sucesso, cujos números impressionam", afirmou Fernandes. Além disso, segundo ele, mais de 200 itens foram lançamentos e devem impulsionar as vendas no Natal.
Para atender à demanda, a unidade mineira mantém hoje cerca de 800 empregados, quase o dobro dos 450 que tinha no ano passado. "Embora tenha sido um ano difícil, com eventos que não favoreceram o setor, brinquedos têm produção como itens de primeira necessidade. No aperto, os pais deixam de comprar muitas coisas, mas não abrem mão dos presentes dos filhos", disse.
A Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) prevê um crescimento de 12% do setor em 2014 na comparação com o ano passado. Segundo a entidade, o mercado nacional deve movimentar R$ 9,5 bilhões este ano, ante R$ 8,5 bilhões de 2013. O Natal e o Dia das Crianças respondem juntos por 68% do movimento do ano.
Para 2015, embora não divulgue números, a Estrela estima ampliar ou pelo menos manter nos níveis atuais o faturamento. "Esperamos passar o Natal para fazer o planejamento do próximo ano. Mas sabemos que 2015 também não vai ser fácil. A economia está estagnada e sabemos que são necessários ajustes", ressaltou.
O diretor de Marketing disse ainda que a indústria nacional de brinquedos enfrenta grandes problemas estruturais, ligados principalmente ao alto custo de produção. "Temos uma carga tributária enorme e nosso produto chega ao mercado com custo final elevado. Acontece que os impostos representam 52% do preço do brinquedo nas lojas", revela.
Para Fernandes, o Brasil precisa aprender com países desenvolvidos que tratam os brinquedos como itens didáticos, que contribuem para o desenvolvimento motor e cognitivo das crianças. "Se o governo diminuísse a carga tributária do setor não haveria tanta pirataria", completou, lembrando que em função dos altos custos produtivos somente 65% do que a Estrela comercializa no país é fabricado no Brasil.
Veículo: Diário do Comércio - MG