A desvalorização do real em relação ao dólar deve permitir que a Tavex Corporation, companhia formada da fusão da espanhola Tavex Algodonera com a Santista Têxtil, retome as exportações de denim e de tecidos para uniformes profissionais a partir do Brasil. "Em 2008, houve um déficit brutal no setor têxtil, mas com a melhora do câmbio esse processo pode começar a se reverter", disse o diretor comercial da companhia para a América do Sul, Dorivaldo Ferreira.
No ano passado, as exportações da cadeia têxtil somaram US$ 2,425 bilhões, alta de 2,57%. Já as importações em relação a 2007 totalizaram US$ 3,831 bilhões, valor 27,31% acima do que foi apurado em igual período do ano passado. Com isso, o déficit ficou em US$ 1,406 bilhão.
De acordo com Ferreira, o volume de denim embarcado pela Tavex a partir do Brasil deve dobrar em 2009. "Este ano, as exportações podem chegar a 10% do volume produzido no País". Em 2008 as exportações do produto foram de 5% do total produzido no País. No segmento de uniformes, foram vendidos ao exterior entre 2% e 3% do total produzido e a expectativa é atingir 5%, considerando que o dólar permanecerá no patamar de R$ 2,30. "Já existe uma parceria com países andinos", afirmou.
A empresa trabalha com projeções para este ano de manutenção do desempenho de 2008. A companhia ainda não divulga números do ano passado, já que estes são consolidados na Espanha, onde fica a sede e onde as ações da companhia são cotadas em bolsa. De janeiro a setembro do ano passado, as vendas da companhia somaram € 281,47 milhões, acima dos € 268,06 milhões de igual período do ano passado. Na América do Sul - que responde por cerca de 75% da capacidade produtiva, de 185 milhões de metros - as vendas líquidas alcançaram € 220,6 milhões até setembro, alta de 13,9% ante os US$ 193,7 milhões de igual período do exercício anterior.
A empresa explicou, na época da divulgação dos resultados, que o crescimento da região se fundamente "nos bons níveis de demanda no Brasil e, sobretudo, pela melhora do mix de produtos vendidos com o conseqüente aumento do preço médio de venda".
Com a melhoria do mix de produtos e redução do custo unitário de produção em 2%, a companhia melhorou substancialmente a margem bruta das operações no Cone Sul e alcançou um ebitda de € 36,1 milhões, excluídos os custos corporativos, frente um ebitda recorrente de € 22 milhões em igual período de 2007.
Segundo Ferreira, 2008 foi marcado por um desempenho muito positivo para a empresa na América do Sul, sobretudo até outubro, quando trabalhou a plena capacidade. "Em novembro e dezembro, houve uma desaceleração, já característica do setor nessa época. Só teremos uma retomada a partir de março", disse, garantindo que as empresas permanecem operando normalmente. "Na Argentina o processo de crise se aprofundou, mas é algo mais específico daquele país."
Mudança na marca
A companhia anunciou ontem a sua nova coleção em denim, para o verão 2010, juntamente com o anúncio de suas novas marcas e identidades visuais. Após realizar uma pesquisa mundial, a cargo da Future Brand, o grupo decidiu usar a marca Tavex para toda a área de denim e manterá a marca Santista apenas para o segmento de uniformes. "A Tavex já era bastante conhecida nos Estados Unidos e Europa e a pesquisa identificou que a adoção também seria positiva no Brasil e América Latina, pela associação com uma marca européia", explicou a gerente de marketing América do Sul, Maria José Orione. "Já a Santista é referência em uniformes na América do Sul." Apesar de manter o nome, a logotipia da Santista mudou, perdendo o tradicional "S" e adotando a mesma fonte da marca Tavex.
Veículo: Gazeta Mercantil