O aumento da inadimplência levou o consumidor a programar mais os gastos em novembro, período em que tradicionalmente as pessoas costumam ir às compras. O planejamento das finanças passou a fazer parte da realidade de um maior número de belo-horizontinos ao mesmo tempo em que as compras por impulso estão sendo reduzidas. o que revela a Pesquisa de Orçamento Doméstico, divulgada ontem pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG).
Dentre os entrevistados, 44,9% afirmaram planejar os gastos e seguir rigidamente. Outros 9,6% até planejam mas não seguem à risca, enquanto 26% planejam sem nenhum compromisso de seguir. Apenas 19,5% disseram não avaliar a situação econômica antes de ir às compras, contra 80,5% que, de alguma forma, esboçam um planejamento.
Em novembro de 2013, a preocupação do consumidor com a renda familiar era um pouco menor ou menos evidente. Apenas 68,8% dos ouvidos naquela pesquisa afirmaram planejar os gastos. Ou seja, 31,2% das pessoas não se ocupavam de estudar a realidade financeira da família.
" uma realidade que vem se acentuando ao longo dos anos. A inadimplência aumentou e as pessoas estão pagando as dívidas. Além disso, a inflação vem pressionando o orçamento familiar e os consumidores são obrigados a deixar de comprar", explica o economista da Fecomércio-MG, Gabriel de Andrade Ivo. Prova disso é que 75,4% dos entrevistados afirmaram que não compram por impulso.
Compromissos - Até mesmo o 13º salário, que costuma ser a salvação do Natal dos lojistas, não será gasto em compras em sua totalidade. O economista observa que pelo menos a primeira parcela já foi utilizada para quitar dívidas. E a expectativa é que boa parte do restante seja guardada para o cumprimento de compromissos financeiros do início do próximo ano, como o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), por exemplo. Em todo o Brasil, o 13º injetou R$ 158 bilhões na economia. Somente em Minas Gerais foram R$ 14,2 bilhões.
O controle financeiro dos consumidores está tão elevado que 65% dos entrevistados afirmaram conseguir planejar o orçamento familiar de modo a ainda guardar recursos. E dessa sobra, 42,6% fazem uma aplicação na poupança. Outros 26,5% gastam com lazer; 14,7%, em compras; 9,8%, com turismo e 3,9% utilizam para o pagamento de dívidas.
Para 2015, a tendência é que o consumidor continue austero. "Não teremos mudança brusca que resolva os problemas econômicos que vivemos hoje no primeiro semestre. Então o consumidor ainda vai permanecer cauteloso. Até porque a tendência dos juros é só aumentar. Resultado: em 2015 o cenário não deverá ser promissor para o comércio, uma vez que o consumidor permanecerá com a renda comprometida", prevê Ivo.
Veículo: Diário do Comércio - MG