Comércio e serviços buscam fôlego

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Iniciativas pontuais devem sair do papel para fortalecer atividades que são responsáveis pela maior parte da geração de empregos no Estado; gestão e competitividade surgem como os principais desafios do setor terciário

 

 



Enquanto a indústria enfrentará o desafio de ampliar a produtividade em 2015, o comércio e os serviços devem focar em melhorar a gestão e dar um gás na competitividade frente ao mercado, buscando, entre outras ações, intensificar a luta para que se cumpra a Lei 14.436.

Aprovada há quase um ano pela Assembleia Legislativa, a legislação extingue o imposto de fronteira, percentual extra de 5% de ICMS pago pelas pequenas e microempresas na compra de produtos de fora do Estado, colocando fim à cobrança do Diferencial de Alíquota (Difa) e impedindo a reedição da tributação por decreto, o que possibilitará  custos mais competitivos, segundo defendem as entidades representantes do varejo. “A economia no comércio precisa girar para manter a atividade viva, os pequenos lojistas são os maiores geradores de empregos no Estado”, destaca o presidente da Federasul, Ricardo Russowsky. Para ele, a aplicação da lei ajudaria pequenos e médios comerciantes, que são “a base de sustentação” do setor.

O investimento em gestão será fundamental e decisivo para impulsionar as vendas no primeiro semestre do ano que vem, afirma o presidente da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV), Vilson Noer. “Imaginamos que é importante o varejo se estruturar de forma realista, olhando para dentro dos negócios, principalmente os pequenos e médios, que não têm acesso a financiamentos a longo prazo”, completa. Para Noer, mais do que nunca, fazer reserva de caixa para investimento em gestão será uma estratégia que pode ajudar no desempenho do setor. “Também há como desfocar do atendimento, que é o aspecto mais importante para o consumidor”.

Noer acredita que os segmentos de cosméticos, bijuterias, roupas e calçados devem manter o ritmo de vendas, sendo os mais beneficiados em 2015, ano que se inicia após um período de baixo crescimento no País. “A classe C continuará comprando”, aposta. Mas, para o dirigente, só haverá espaço para novos  investimentos entre as médias e grandes marcas do varejo. “As pequenas empresas ainda estão muito sufocadas por questões tributárias”, diz Noer, referindo-se principalmente ao imposto de fronteira. “Enquanto entidade, iremos batalhar durante a gestão do Ivo Sartori por um espaço maior na área de desenvolvimento do varejo. É fundamental enxergar o comércio como um aliado do governo, uma vez que é grande gerador de empregos e impostos, além de ser o responsável pela venda do que é produzido no Brasil e no Estado.” A expectativa da AGV é de que em 2015 o setor obtenha um crescimento real de 0,7% a 1,2% em relação a 2014.

Já o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL), Vitor Koch, calcula que seja possível ampliar o índice “com boa vontade” política. Na análise de economistas da entidade, na pior das hipóteses as vendas devem crescer entre 2,5% a 3,5%. Mas a taxa pode chegar a 4,5% se ocorrer medidas cíclicas, como sustentação da massa salarial e redução de encargo financeiro incidente sobre a renda das famílias, que, segundo a federação, gira em torno de 35% na grande maioria dos casos.

“De qualquer forma, é natural esperar que haja uma certa retração”, admite Koch. “Acreditamos que o consumo não ocorrerá na mesma proporção de 2010 a 2013. Ações do governo do Estado não interferem diretamente nas vendas, mais afetadas pelos juros. Se houver aumento da taxa Selic e de impostos, isso, sim, irá afetar o crédito, e o endividamento das famílias, o que nos preocupa bastante”, opina. Por outro lado, pontuou, com manutenção do emprego e da renda, o consumo continuará, embora não da forma esperada.
Entidade pede incentivo fiscal nos moldes do Fundopem

O setor terciário aposta no diálogo com o governador eleito José Ivo Sartori para que a proposta de criação de um incentivo fiscal semelhante ao Fundopem (para indústrias) receba a atenção do governo do Estado. “O comércio precisa de um mecanismo, como a postergação do pagamento de ICMS em casos de novos investimentos, para que possa incrementar seu desenvolvimento”, afirmou o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn.” De acordo com a expectativa da entidade, 2015 deve ser marcado por crescimento fraco (1% no País e 1,5% no Estado) e inflação persistente. Bohn afirma que o ano que vem exigirá um ajuste fiscal para a recuperação da confiança de empresários e consumidores na economia brasileira.

Considerando o volume real de vendas do comércio no Rio Grande do Sul, a federação projeta expansão de 0,8% para o próximo ano, sendo que as vendas no varejo deverão ampliar em 0,5% e, no atacado, 1% “Se espera que o novo governo venha tomar medidas para retomada do crescimento do Estado, com atitudes inovadoras, arrojadas e redução de gastos com aumento de produtividade”, aponta o presidente da Federasul, Ricardo Russowsky, que projeta um crescimento de 1% a 1,5% da economia em relação a 2014. “Se olharmos para o cenário do ano que vem, se vê um horizonte embaçado. Está difícil vislumbrar as questões que virão do governo Sartori e de Dilma Rousseff”, avalia o dirigente da AGV, Vilson Noer. 
 
Estado mantém agenda de inaugurações


Novos empreendimentos devem ajudar a impulsionar o desejo de consumo da população gaúcha em 2015 e 2016. Uma das obras mais esperadas deve ser entregue em outubro do ano que vem: a ampliação do Shopping Iguatemi, em Porto Alegre, investimento de R$ 150 milhões que inclui 1,8 mil novas vagas de estacionamentos, 100 novas lojas e 25 mil m²  de Área Bruta Locável (ABL). Para Cíntia Marques, gerente de marketing do empreendimento, o shopping entregará aos gaúchos uma nova oportunidade de entretenimento e compras na Capital, além de gerar 2,5 mil novos empregos. A perspectiva é de que, após as obras, o fluxo de clientes passe de 18 milhões para 23 milhões e o fluxo de veículos aumente de  8 milhões para 10 milhões por ano.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Luiz Fernando Veiga, há outras inaugurações previstas para o período no Estado: em 2015, o Partage Shopping abre as portas em Rio Grande. Já em 2016, é a vez de Alvorada e Canoas receberem novos empreendimentos (Praça Alvorada Shopping Center e Park Shopping Canoas). Resultado de aporte de

R$ 200 milhões, o Partage deve ser entregue ainda no primeiro semestre. O empreendimento terá espaço para 160 lojas e já conta com âncoras confirmadas (Renner, Americanas, Riachuelo, Marisa, Cinemark e Magic Game). “As atenções agora são para a fase da comercialização, já que a obra está avançando em ritmo intenso. O objetivo é oferecer oportunidade para os investidores com um mix atraente”, diz Renato Machado, superintendente do shopping.  

Previsto para inaugurar em abril de 2016, o Praça Alvorada terá 27.685 m² de ABL, 133 lojas, praça de alimentação completa e seis salas de cinema 100% digitais. Depois de sua abertura, serão gerados mais de 2,5 mil postos de trabalho para o município. De acordo com a assessoria do grupo 5R Shoppings Centers, desde o início do semestre, a obra acontece em ritmo acelerado. O valor do investimento será de R$ 200 milhões.

No final de 2016, será a vez do MGrupo inaugurar o Design Mall. Atualmente, a obra passa por análise do solo do empreendimento e em breve começará com as fundações.  Já a Multiplan iniciou a pré-locação do Park Shopping Canoas, que terá, em sua primeira fase, 48 mil m² de ABL distribuídos em 258 lojas. O empreendimento oferecerá hipermercado, pista de patinação no gelo, academia, parque de diversões indoor, entre outras atividades.




Veículo: Jornal do Comércio - RS


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