Com desempenho de safras recordes no Brasil, Argentina e Estados Unidos, estoques do mercado internacional devem se manter elevados e tendência de recuo nos valores em 2015 ganha força
A alta do dólar em relação ao real, um dos principais fatores que compõem o preço da soja, pode trazer um alívio aos produtores rurais, que se mantêm apreensivos com a tendência de baixa nas margens da commodity para este ano. Em vista da confirmação de safra recorde nos Estados Unidos e das perspectivas igualmente positivas para as colheitas no Brasil e Argentina no período 2014/2015, é dada como certa para o setor a pressão nos valores do mercado internacional e o crescimento dos estoques.
"O cenário é triste e o produtor está preocupado, muitos aguardam preços melhores para venda", lamenta o presidente da Câmara Setorial da Soja e diretor da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Glauber Silveira. Entretanto, ele reconhece que há um nível de compensação ocasionado pelo câmbio, mesmo que abaixo do esperado pelos sojicultores.
Na análise do pesquisador do mercado de grãos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Lucilio Alves, o efeito do câmbio deve ser potencializado pelos fatos de que as vendas antecipadas estão menores comparadas ao mesmo período da safra passada e os custos de produção já foram quase que totalmente travados.
Levantamentos do Cepea apontam negócios para exportação entre US$ 23,60 e US$ 24,80 por saca de 60 kg, FOB Porto de Paranaguá, para o primeiro semestre de 2015, um dos menores níveis desde 2010. Neste nível, o instituto indica preços ao redor de US$ 400 por tonelada no semestre.
"Agora, o que vai confirmar os preços em Chicago é o clima da América do Sul, único fator que pode influenciar as safras brasileira e argentina", acrescenta o consultor do Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque.
Mercado externo
Dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Secex/ Mdic) divulgados ontem (05) mostram que as exportações brasileiras de soja em grão renderam US$ 73,6 milhões em dezembro de 2014, valor mais de três vezes maior quando comparado ao mesmo mês do ano anterior. Houve aumento de 234,8% na quantidade embarcada pelo País.
O diretor geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Michel Alaby, destaca a forte expansão nas vendas de soja para países árabes, que saltaram 160% no terceiro trimestre de 2014, no comparativo anual.
"Temos um relacionamento muito mais próximo dos árabes, do que países como os Estados Unidos, com quem temos forte concorrência. Exportamos muito para Egito, Argélia e Emirados Árabes, por exemplo, para formação de estoque, tanto de soja quanto de milho", afirma o executivo.
Para 2015, Alaby acredita que os embarques de soja devam crescer menos, enquanto as carnes podem entrar em foco, o que significa valor agregado aos grãos, que são alimento da proteína animal.
Veículo: DCI