Desafios. Com o cenário econômico instável e o consumidor mais receoso na hora da compra, empresários devem olhar para dentro de suas lojas e reformular sua estratégia de crescimento
Com um 2015 desafiador, os empresários do comércio devem melhorar a gestão para "sobreviver" ao momento turbulento. Redução no número de funcionários, ampliação do mix de produtos e reformulação das lojas estão entre as medidas empregadas no setor.
"O empresário tem que ter uma forma de gestão em mente. Com isso, ele conseguirá ter indicadores que serão avaliados para descobrir o que precisa ser melhorado", explicou ao DCI o consultor do Sebrae de São Paulo, Fábio de Azevedo. Segundo ele, ao conseguir esses dados, o varejista conseguirá identificar como está a gestão operacional de sua empresa, qual a taxa de conversão de venda, o tíquete médio, as rupturas e outros fatores que levam a uma operação ser menos rentável.
O consultor do Sebrae explicou também que softwares de gestão e tecnologias já são acessíveis ao pequeno e médio varejista, só que a informalidade ainda é entrave no setor. "Nos grandes centros vemos crescer a gestão profissionalizada e a regularização das empresas. Quando falamos de centros periféricos, essa taxa diminui por conta da informalidade", disse, ao que completou: "Hoje, o sistema GRP [Gestão de Recursos e Planejamento] já é democratizado. Com mensalidade mensal de R$ 120 é possível implementar em qualquer loja".
Azevedo enfatizou que o perfil do empresário brasileiro tem mudado, e isso ajuda na melhoria operacional e nos resultados financeiros. "O perfil do empresário, há 10 anos, é totalmente diferente do atual. Eles são mais atentos às tecnologias", explicou Azevedo.
Loja-escola
Para ajudar o pequeno e médio varejista, o Sebrae inaugurou em novembro do ano passado uma loja-conceito. Localizada no Brás, região central de São Paulo (SP), e principal polo abastecedor desses empresários, o espaço pode ser considerado como uma escola. "Na loja-conceito, o empresário verá de forma prática como deve ser um ponto de venda organizado", afirmou Azevedo. Medidas simples de merchandising (publicidade), visual merchandising (como arrumar a loja) e marketing são indispensáveis para quem quer ampliar o faturamento.
"A forma como o produto é exposto é importante. Ensinamos eles a organizar a loja, setorizá-la, colocar produtos complementares à venda. São pequenas medidas que fazem toda a diferença na hora de aumentar a taxa de conversão de venda de uma loja", ressaltou o especialista do Sebrae.
Pode parecer estranho, mas o lojista de rua tem mais informação sobre os clientes do que uma grande rede. "No grande varejo a gente implementa uma solução, testa e se der certo replica para outras lojas. No pequeno varejo as mudanças acontecem de forma bem mais rápida", disse.
Acompanhamento
Além da loja conceito, o empresário que visitar o local terá consultoria de negócio gratuita e, em breve, o Sebrae vai inaugurar um espaço voltado a workshops. "A prática é muito mais eficaz do que a teoria. Com esses workshops mostramos aos empresários como as medidas são eficazes".
Estar ao lado do franqueado e ajudá-lo a prosperar foi a iniciativa da Acerte Franchising, que administra a rede de lavanderias Quality. "Há dois meses implantamos uma consultoria interna, que ajuda cada franqueado. É como se eu fosse o braço direito do franqueado", afirmou ao DCI a gerente de negócios da Acerte Franchising, Joseane Gomes.
Responsável pelo projeto, a executiva explicou que a consultoria serve para melhorar a gestão das lojas franqueadas. "Analisamos os dados financeiros, os custos operacionais da loja, a gestão da equipe, o atendimento ao consumidor. Com os dados na mão, ajudamos esse empresário a gerir a operação de forma correta", explicou ela.
A implantação de estudo de geomarketing também foi uma das iniciativas da Acerte Franchising para fazer com que a rede Quality amplie o faturamento em 40% este ano. "Com a ferramenta de geomarketing conseguimos ver até onde esse franqueado tem conseguido chegar, quantos clientes ele atende. Definido isso, conseguimos mostrar os locais com maior potencial e criamos ações de marketing para chegar a esse cliente", disse Joseane.
A parceria com condomínios residenciais também está entre as estratégias da rede de lavanderias para aumentar a rentabilidade. "Nós fechamos a parceria com condomínios e repassamos o serviço ao franqueado mais próximo. Para os consumidores, disponibilizamos um cartão fidelidade e eles têm usado muito", concluiu.
Padronização
A descaracterização do produto era um dos principais problemas na rede Croasonho. Segundo o gerente de marketing da empresa, Daniel Fernando Alves, a medida para que todos os seus franqueados mantivessem a padronização foi apostar em treinamento. "Nós treinamos a equipe antes da abertura da loja. Após aberta, nós mantemos duas pessoas que vão auxiliar os funcionários, até tudo ficar certo", falou o executivo.
Alves explicou que os franqueados da rede sofrem para encontrar fornecedores com preços justos e isso faz com que a rentabilidade caia. "Desde a criação da marca temos um departamento de performance que analisa caso a caso e identifica o que deve ser mudado", explicou. "O carro-chefe da rede é o atendimento, por isso investimos em treinamento".
Com a perspectiva de abrir outras 15 unidades este ano, a qualidade dos insumos usados também é uma preocupação. "Na tentativa de economizar, eles acabam usando produtos de qualidade inferior. Mas, ao invés de reduzir custos, eles deixam a qualidade de lado".
Veículo: DCI