Após Natal decepcionante, varejista quer compensar perdas com as liquidações do 1º mês do ano
Com as vendas decepcionantes do Natal, só resta agora ao comércio varejista de Belo Horizonte apostar nas promoções e liquidações de janeiro para tentar a recuperação dos negócios. Segundo Análise Mensal do Comércio Varejista da Capital, feita pela área de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), 47,7% dos comerciantes esperam que este mês seja melhor do que o anterior. No ano passado, só 38% acreditavam nisso.
"Os números da pesquisa mostram que o Natal foi decepcionante, já que 60% dos empresários acreditavam que as vendas iriam crescer no período. Isso não aconteceu. Agora, eles vão investir em liquidações e ofertas para fazer girar o estoque que não foi vendido no fim do ano passado", avalia a analista de pesquisas da Fecomércio-MG Luana Oliveira. A pesquisa da entidade revelou que as vendas de dezembro foram 16,7% menores do que no mesmo período do ano passado.
A principal data do comércio varejista frustrou as expectativas dos empresários de Belo Horizonte. Segundo o estudo, o faturamento no Natal passado também ficou aquém do esperado com 45,9% dos empresários faturando em média 24% a menos do que na mesma data de 2013.
O aumento da inflação, que fechou o ano em 6,41%, bem próximo ao teto da meta; a taxa de juros básica da economia em um novo ciclo de altas; e o maior endividamento da população impactaram diretamente o resultado, segundo a entidade. "A verdade é que o cenário econômico em 2014, principalmente no segundo semestre, não favoreceu", disse Luana.
O estudo também apontou no segundo semestre houve um grande aumento nas compras feitas à vista, com uma média de julho a dezembro de até 43,8% das transações desse tipo; em dezembro, o número chegou a 58% do total das compras.
"As compras à vista podem ter sido motivadas por descontos e promoções ofertadas pelos empresários, mas evidencia também uma preocupação maior dos consumidores com relação às suas dívidas e compromissos financeiros. Houve uma perda do poder de compra das pessoas", explica a analista.
Em relação às vendas do mês de novembro, três setores se destacaram: as lojas de vestuário aumentaram o faturamento em 12,4%, seguidas por calçados (+6,3%) e ramo alimentício (+3,5%).
A pesquisa mostra, ainda, que 66,1% dos comerciantes afirmaram que farão promoções para alavancar as vendas. "Por isso, os consumidores devem ficar atentos às oportunidades de aliar preço e qualidade, aumentando o seu poder de compra". Para os lojistas, é uma oportunidade de girar os estoques dos artigos encalhados no Natal e fortalecer o caixa da empresa para a compra do novo mix de produtos.
Expectativas - Tendo em vista o atual cenário econômico, o setor está mais cauteloso em relação às apostas para 2015. Mesmo assim, 73,8% dos empresários esperam melhorar a situação financeira da empresa nos próximos seis meses. Além disso, 76% dos empresários responderam que pretendem manter os empregos. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostraram que até novembro de 2014, as cerca de 37 mil empresas do comércio varejista de BH empregavam 124 mil pessoas na Capital mineira.
"Tradicionalmente, o primeiro trimestre do ano é fraco para o varejo. Tendo em vista as medidas adotadas pelo governo, que não mais estimulam o consumo, e também a previsão de aumento dos impostos, o período não deverá ser favorável para os lojistas. A esperança do setor está mesmo no segundo semestre", completa a economista.
Veículo: Diário do Comércio - MG