Apesar da piora no cenário macroeconômico, fabricantes e lojas do setor de chocolates esperam crescimento no faturamento de suas vendas na Páscoa 2015. Segundo executivos das principais empresas do país, mesmo com o aumento da inflação e o reajuste dos preços dos produtos, a estimativa é de que a sazonalidade do período garanta um ganho de receita.
"A Páscoa é um bom termômetro e tem um peso importante para as vendas da categoria de chocolates no ano", diz Pedro Abondanza, gerente de Marketing da Nestlé. Dentre as marcas, a Cacau Show é a mais otimista e espera que as vendas ajudem a marca a alcançar um crescimento de 25% no faturamento em 2015. De acordo com o presidente da companhia, Alexandre Costa, parte desse aumento deve vir da expansão do número de lojas. Neste ano, a empresa pretende abrir 2 mil novas lojas.
O Grupo CRM, dono das marcas Kopenhagen e Chocolates Brasil Cacau, estima crescimento de 14% na sua receita. Já a Arcor espera uma expansão mais tímida para seu faturamento em 2015. Segundo Nicolas Seijas, gerente de Marketing de chocolates da companhia, a projeção é ter um crescimento de 5% neste ano, contra a alta de 25% observada no ano passado.
Além do baixo crescimento econômico e da redução do poder de compra dos consumidores, as empresas do setor enfrentam ainda aumento de custos. O surto do vírus ebola na África Ocidental elevou os preços do cacau no passado, principal insumo da indústria. Para as companhias brasileiras, a desvalorização do real frente ao dólar também encareceu as importações da commodity.
Segundo Seijas, os custos de produção das fabricantes de chocolates subiram, em média, 20% no último ano, considerando ainda o aumento de outros itens, como os brinquedos distribuídos juntamente com os ovos. O repasse para os preços, no entanto, ficou mais próximo da inflação do período, ente 7% e 8%.
Para compensar essa diferença, algumas das companhias optaram por rever o mix de seus produtos. Nestlé e Lacta, por exemplo, reduziram o seu portfólio para a Páscoa, procurando evitar concorrência entre os próprios produtos.
Temporários - A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) informou ontem que fábricas e lojas do ramo geraram aproximadamente 26,5 mil novos empregos temporários para a Páscoa deste ano. O número é superior ao do ano passado, quando cerca de 24 mil vagas foram criadas para o evento.
Segundo dados da Abicab, na Páscoa 2014 o setor produziu 20,2 mil toneladas de chocolate, o equivalente a mais de 100 milhões de ovos de Páscoa. No acumulado do ano até setembro, a produção de chocolates dos associados da entidade registra queda de 2% na comparação com igual período de 2013, de 392 mil toneladas para 384 mil de toneladas. (AE)
Veículo: Agência Estado