Clima adverso deve elevar preço do milho no Brasil

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O clima deve tornar o milho a menina dos olhos dos agricultores neste ano. Isso porque os cenários nacional e internacional devem garantir preços firmes para o cereal no decorrer do ano.

 



A avaliação é de Anderson Galvão, da consultoria Céleres, de Uberlândia (MG). Um dos fatores que podem dar preço firme ao cereal foi a redução da produtividade da safra brasileira de verão, devido à falta de chuva em algumas regiões produtivas. E o clima vai continuar influenciando os preços daqui para a frente, segundo ele. A produção da safrinha, que começa a ser semeada, é sempre uma incógnita, devido ao período de risco climático.

Leonardo Sologuren, da consultoria Clarivi, concorda com Galvão e afirma que o fator preocupante é realmente o clima. Assim como houve atraso no plantio de soja, devido à falta de chuva, a repetição desse cenário agora complicaria a safra de milho de inverno. "O lado negativo na produção pode, no entanto, dar mais preço ao cereal", afirma Sologuren.

A própria safra brasileira de soja, se registrar uma quebra acima do normal devido ao clima, vai afetar a intenção de plantio dos agricultores dos Estados Unidos. Uma quebra na safra brasileira da oleaginosa --o Brasil é segundo maior produtor mundial-- provocaria uma alta nos preços, levando boa parte dos produtores norte-americanos a semear mais soja na safra 2015/16, em detrimento do milho.

Uma safra menor de milho nos Estados Unidos --líderes mundiais na produção do cereal-- seria mais um motivo para os preços firmes do grão, segundo os analistas Galvão e Sologuren. Pior para os produtores brasileiros de soja, que teriam preços, mas sem o produto para comercializar.

O câmbio também sustenta o milho. A alta da moeda norte-americana elimina parte dos custos da ineficiência logística, permitindo ao Brasil manter ativas as exportações do cereal, que já começaram aquecidas neste mês. Se o país repetir, em 2015, o volume exportado em 2014, quando saíram 20,6 milhões de toneladas pelas fronteiras brasileiras, o mercado ficará enxuto, acredita Galvão.

E, se mantiver um patamar competitivo de preços, o milho brasileiro ganha o mercado externo com certeza, devido à qualidade atingida nos últimos anos, diz Galvão. Para Sologuren, o clima vai comandar o mercado neste ano. O cenário, que era mais pessimista para o produto no final do ano passado, voltou a ficar mais favorável, principalmente com essas preocupações com o clima.

O comportamento da soja vai refletir o mercado norte-americano, que já está definido pela safra recorde de 2014/15. O milho, no entanto, estará mais ligado às perspectivas de produção em 2015/16, segundo Sologuren.



Veículo: Folha de S. Paulo


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