Baixa qualificação técnica e falta de mão de obra são vistos como principais entraves para o crescimento da atividade pecuária
A ovinocultura brasileira busca um caminho para retomar o crescimento após décadas de redução dos seus rebanhos. Um grupo técnico foi constituído na última semana e, com a presença de diversas entidades do setor, deve apresentar propostas para reagir aos atuais entraves à produção: a baixa qualificação técnica e a falta de mão de obra. Os criadores estão reunidos desde ontem, quarta-feira, no Parque Charrua, em Pinheiro Machado, para a 31ª Feira e Festa Estadual da Ovelha (Feovelha). A abertura oficial acontece na sexta-feira, e o evento se estende até a próxima segunda-feira.
A expectativa dos organizadores é de um aumento de 17,6% na comercialização de animais nesta edição do evento, na comparação com o ano passado, quando os negócios alcançaram R$ 1,7 milhão. No total, 521 animais, de 10 raças, estão expostos, mas são 5 mil unidades em oferta. Cerca de 30 mil visitantes devem circular pelo local e conferir ovinos de produtores de 16 cidades gaúchas.
“Remates já foram realizados em janeiro, e o mercado vem andando acima das expectativas. Podemos passar dos R$ 2 milhões em negócios nesta feira”, comemora o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos (Arco), Paulo Schwab.
O rebanho de ovinos do Rio Grande do Sul, atualmente, é de 4,2 milhões de cabeças. O objetivo, segundo Schwab, é chegar aos 13,5 milhões de animais, mesmo número da década de 1970. Em nível nacional, a intenção é passar dos atuais 17 milhões para, aproximadamente 50 milhões, ainda que em longo prazo. Por isso, foi formado o grupo técnico com a presença de integrantes da Arco, do governo do Estado, Federação dos Agricultores do Rio Grande do Sul (Farsul), Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), Embrapa e universidades gaúchas. As entidades trabalharão juntas para solucionar os principais entraves desta cadeia produtiva e, consequentemente, atingir as metas de aumento do rebanho.
O desconhecimento do processo criatório por parte de alguns produtores e a falta de mão de obra qualificada no campo foram identificados como os primeiros focos das ações do conjunto técnico. Com isso, pretendem aumentar as taxas de natalidade e diminuir as de mortalidade em ovinos produzidos no Brasil, hoje considerados fora do padrão mundial de qualidade. “Queremos realizar trabalhos de extensão e qualificação do produtor e da mão de obra e levar o conhecimento das universidades para o campo. Trata-se, por exemplo, de rever algumas técnicas de manejo e mudar a época de parição para melhorar esses índices”, explica Schwab.
O brasileiro consome, em média, apenas 400 gramas de carne ovina per capita por ano. A quantidade é considerada baixa pelo setor, mas parte das 84 mil toneladas consumidas anualmente ainda precisa ser importada. Portanto, a Arco vê o abastecimento do mercado interno e o incentivo ao aumento da demanda por essa proteína como prioridades para consolidar a cadeia produtiva. A produção de lã, por outro lado, fica em segundo plano e deve se concentrar na Metade Sul do Estado.
Secretários debatem questões sobre água e clima
As ministras da Agricultura, Kátia Abreu, e do Meio Ambiente, Izabela Teixeira, acertaram a realização em Brasília de uma reunião com secretários estaduais de meio ambiente e de agricultura, no próximo dia 5 de fevereiro, para discutir, debater e oferecer soluções aos desafios que o País impôs ao governo federal em razão dos problemas causados pelo baixo volume de chuvas no Sudeste e no Nordeste. “Vamos ouvir os secretários, verificar medidas que podem ser adotadas e traçar metas de trabalho”, afirmou Kátia.
Veículo: Jornal do Comércio - RS