A perspectiva de uma forte pressão inflacionária em 2015, proveniente de reajustes de preços administrados, foi o principal fator de deterioração na confiança do empresário do comércio em janeiro, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A entidade espera aumentos de preços mais moderados no varejo este ano, mas os reajustes nos combustíveis e na tarifa de energia elétrica pesarão no orçamento das famílias, diminuindo o espaço para outros gastos, avaliou Fabio Bentes, economista da CNC.
"Com os aumentos esperados nos preços administrados, sobra menos espaço para consumo, principalmente de bens de consumo duráveis. onde há mais gordura para cortar", explicou Bentes.
Diante da expectativa de uma inflação maior, a CNC reduziu sua previsão para o crescimento nas vendas do varejo em 2015, de 3,0% para 2,4%, o que seria o pior resultado dos últimos 12 anos Para 2014, o aumento esperado é de 2,5%.
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) recuou 1,1% em janeiro, para 105,1 pontos, o menor patamar da série histórica da pesquisa, iniciada em 2011. Na comparação com janeiro de 2014, o Icec teve queda de 14,3%, com piora nos subíndices que medem as expectativas dos empresários (-9,3%) e a intenção de investimentos futuros (-9,9%). Mas o tombo foi maior no subíndice referente às condições atuais do empresário do comércio (Icaec): -26,6% em relação a janeiro de 2014.
"O ano de 2014 terminou mal, e o de 2015 começou pior. Os varejistas se renderam à previsão de um ano fraco. A receita não vai subir, e os custos vão continuar pressionando", afirmou o economista da CNC. "Quase metade dos empresários vai investir menos este ano", acrescentou.
A pesquisa da CNC mostra que 48,3% dos empresários consultados declararam que o nível de investimentos será menor nos próximos meses. Há um ano, essa fatia era de 36,5% dos entrevistados. (AE)
Veículo: Agência Estado