Liquidações de início de ano não aqueceram os negócios
Nem mesmo as tradicionais liquidações promovidas pelo varejo logo após o Natal estão sendo suficientes para incrementar as vendas do comércio de Belo Horizonte neste início de ano. No primeiro mês de 2015, os lojistas chegaram a amargar queda de até 20% nas vendas ante o mesmo período do exercício passado. Para tentar amenizar as perdas e o impacto negativo provocado pelo carnaval, as lojas estenderão as promoções até fevereiro, com descontos que variam de 10% a 50%.
Na Arquibancada, rede que vende artigos esportivos, com nove unidades na Capital, embora o desempenho das vendas tenha atingido o nível esperado no Natal, registrando alta de 17% sobre igual época de 2013, o mesmo não foi observado no mês passado, quando a aposta foi nas promoções. De acordo com o proprietário da empresa, Ewerton Starling, o resultado de janeiro ficou 3% abaixo do verificado no mesmo período do ano passado.
"O principal responsável por isso é o cenário econômico do país, uma vez que os grandes times de Minas Gerais nunca estiveram tão bem. E, mesmo assim, nossas vendas não foram boas", diz.
Segundo ele, os produtos foram ofertados a preços menores, promovendo um "queimão" dos itens encomendados para o Natal. E a liquidação vai continuar, bem como as promoções realizadas pelos shoppings da cidade, onde estão instaladas a principais unidades da rede.
No caso da Casas Lealtex, especializada em artigos de cama, mesa e banho, com 11 lojas na Grande BH, o desempenho foi ainda pior e a queda chegou a 20% na comparação de janeiro de 2015 com o mesmo mês de 2014. Mas o que mais chama a atenção, conforme o diretor Comercial, André Silva de Oliveira Netto, é que janeiro do ano passado já tinha sido pior do que o primeiro mês de 2013. "A verdade é que viemos numa seqüência de resultados ruins. E isso nos deixa bastante temerosos com o que vem pela frente", define.
O Natal - considerada a principal data para o comércio varejista em termos de comercialização - também não foi bom e as vendas, conforme o diretor, caíram 8% frente ao mesmo período do ano anterior. Por isso, segundo ele, as ações vão continuar, com redução dos preços entre 10% e 50%. "Vamos continuar fazendo o máximo de ações possíveis, mas sem nenhuma loucura, porque quando o cenário macro econômico está ruim, não há muito o que ser feito", diz.
Empate - Na Klus, loja de roupas masculinas com 12 unidades em Minas Gerais, dez delas em Belo Horizonte, foi observado empate no volume de vendas no mês passado em relação a janeiro de 2014. Porém, de acordo com o proprietário, Salvador Ohana, a liquidação de 2014 foi antecipada em dez dias em função da concorrência, o que não adiantou.
"Geralmente, damos início às promoções lá pelo dia 20 de janeiro. Mas neste ano, como os concorrentes começaram mais cedo, tivemos que aderir também. Mas isso não fez os negócios superarem as vendas de 2014. Ficamos nos mesmos patamares", diz. Como forma de tentar alavancar os números, os descontos, que variam de 20% a 50%, vão ser estendidos até o Carnaval.
Estratégias diferenciadas dão certo
Na Modelitos Confecções Ltda. (Alphorria), com loja na Cidade Jardim, região Centro-Sul da Capital, o cenário é um pouco melhor. De acordo com a diretora de Marketing, Wanessa Cabidelli, a liquidação da marca, que possui até nome próprio (Allphorless), teve desempenho satisfatório. E, apesar de ainda não ter tido o balanço concluído, deverá registrar incremento de cerca de 15% sobre janeiro do ano anterior. O resultado, segundo ela, pode ser atribuído à base fraca de comparação.
"No Natal de 2013 tivemos muitas novidades, com lançamento de linhas especiais. Com isso, não sobrou tanta peça para a liquidação. Desta vez, apesar de o Natal de 2014 ter sido bom, não foi tão estrondoso como no exercício anterior e muitos itens acabaram entrando em promoção", admite.
Na ZAK, marca mineira especializada em moda masculina, que conta com 13 lojas em Belo Horizonte, Contagem, Sete Lagoas e no Rio Grande do Sul, a liquidação está apenas começando. Segundo o proprietário, Bruno Nunes, a loja geralmente opta por realizar a estratégia em fevereiro. " uma ação mais curta, mas de grande impacto", diz.
Os descontos serão de até 50% e serão aplicados por cinco dias. "Nossa expectativa é de um aumento de pelo menos 50% nas vendas, justamente por realizarmos a promoção um pouco depois dos concorrentes e por oferecermos produtos atrativos", aposta.
Veículo: Diário do Comércio - MG