O presidente da Abihpec conta que estão em andamento conversas com o governo para tentar reverter a aplicação de IPI para os distribuidores do setor
A exportação de produtos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC) deve ganhar mais força em 2015. Com o mercado interno desaquecido, as fabricantes querem ampliar investimentos e ganhar espaço nas prateleiras em países como Rússia e Egito. Segundo a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), nos próximos dois anos serão investidos R$ 16,6 milhões no programa Beautycare Brazil, criado em 2001 para estimular as exportações do setor.
"O mercado interno menos favorável influencia o investimento em exportação, que deve crescer neste ano como uma alternativa", afirmou o presidente da Apex-Brasil, Mauricio Borges, ontem, ao assinar o convênio para realização do projeto com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec).
No ano passado, as exportações das empresas que integram o Beautycare Brazil totalizaram US$ 183 milhões, alta de 16% ante o ano anterior. O valor representa 23% das exportações do setor, que têm os países da América Latina como principal destino. Atualmente, 58 empresas participam do projeto, comercializando para 90 países, muitos deles com o mercado de consumo mais aquecido que o brasileiro.
Os principais destinos de produtos acabados e insumos são Estados Unidos, México e França. Para insumos especificamente, Alemanha, China, Colômbia, Coreia do Sul e Japão são os principais. Já em produtos acabados são Angola, Chile, Egito, Emirados Árabes Unidos e Rússia.
"Em 2014, foram exportados cerca de R$ 800 milhões, mas o valor ainda representa uma fatia pequena do faturamento do setor, menos de 3%", ponderou o presidente da Abihpec, João Carlos Basílio. Desse valor, quase 25% é exportado por empresas que integram o Beautycare Brazil.
De acordo com Basílio, os ganhos com exportação podem ajudar a minimizar os problemas enfrentados no mercado interno. "Eu não falo em retração do mercado interno, mas se reduzirmos produção, vamos perder competitividade, porque o que faz a nossa indústria sair na frente é a produção em escala", conta ele.
Ele também cita a decisão do governo federal de cobrar o Imposto sobre os Produtos Industrializados (IPI) das fabricantes do setor, como um dos principais desafios para o ano. "Estamos discutindo com o governo alternativas para reverter a decisão", declarou ele.
A tributação pode impactar também a competitividade das empresas no mercado internacional, ressaltou o diretor da nuNAAT, empresa do grupo M.Cassab, Alexandre Vasto, durante o evento da Apex-Brasil. "Temos uma cadeia grande de tributação que não se vê em outros países com os quais concorremos", lembra o executivo da fabricante de produtos para cabelo, que destina 99% da produção à exportação.
Na Bionat Cosméticos, que também fabrica produtos para cabelo, o impacto da tributação será percebido na rede de distribuição. "Com a mudança no imposto, vamos perder parte dos distribuidores que antes faziam a ponte entre a empresa e o consumidor final, pois os custos com a tributação vão encarecer as operações", explica a diretora executiva da Bionat, Elizabeth Aimé.
A Natura, que também deve ser afetada pela mudança na tributação do setor, tem visto os ganhos no mercado externo crescerem. Segundo o último resultado financeiro divulgado pela companhia, no acumulado de janeiro a setembro de 2014, a receita líquida das operações internacionais somou R$ 972 milhões, alta de 27,5%, com destaque para o crescimento da operação em implantação na Colômbia.
Veículo: DCI