Atualmente, o Brasil chega a exportar cerca de US$ 700 milhões de frutas frescas por ano, segundo a Abrafrutas
Luiz Roberto Barcelos, presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas (Abrafrutas) e sócio e diretor de produção da Agrícola Famosa, maior produtora de melão do País, com fazendas no Ceará, prevê que, até 2020, as exportações brasileiras de frutas frescas deverão dobrar. Mas mesmo assim o valor exportado ficará muito aquém do Chile, cujas exportações de frutas alcançam, anualmente, US$ 4,5 bilhões, enquanto as do Brasil não chegam a US$ 700 milhões. Ele falou ontem ao Diário do Nordeste no estande brasileiro na 23ª Fruit Logistica, maior feita de frutas do mundo, que se realiza em Berlim.
De acordo com Barcelos, as empresas associadas à Abrafrutas - que respondem por 85% das exportações - estão já empenhadas no sentido que se cumpra a meta de incrementar "muito fortemente", nos próximos cinco anos, as vendas de frutas frescas para o exterior. Para isso, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), o setor não só passará a investir em novas tecnologias, como também vai participar mais ativamente das feiras internacionais, como a Fruit Logistica e a MPA, a maior das américas, nos EUA.
O presidente da Abrafrutas ressalta o que chama de "conjunção de fatores" a favor da fruticultura. "A presença da senadora Kátia Abreu no comando do Ministério da Agricultura é um fato positivo, pois ela tem estreito vínculo com a produção agropecuária, conhece os gargalos do setor e como soluciona-los", diz Luiz Roberto Barcelos. Ele cita como outro fator favorável a desvalorização do real, contribuindo para o aumento das vendas externas, "o que já começa a acontecer com o melão, a manga, a maçã e o mamão".
Estiagem
A Abrafrutas acompanha de perto a questão da escassez de chuvas em várias regiões produtoras, como o Nordeste e, especificamente o Ceará, onde o governo estadual já iniciou, por meio da Cogerh, um plano de restrição da oferta de água aos perímetros irrigados. "Este é mesmo um problema que nos preocupa. Algumas empresas produtoras, como a Agrícola Famosa, da qual sou sócio, já compraram terras em outros estados como forma de garantir sua produção na próxima safra e o cumprimento dos prazos de entrega aos importadores", revelou. Durante a manhã de ontem, no Messe Berlim - centro de eventos da capital alemã - Barcelos reuniu-se, separadamente, com o presidente da Associação das Empresas Produtoras de Frutas do Hemisfério Sul, que deseja manter relações estreitas com a Abrafrutas, e com o seu similar do Chile, que manifestou o mesmo interesse.
Embaixadora
Ontem, às 10 horas, a embaixadora do Brasil na Alemanha, Maria Luiza Ribeiro Viotti, visitou o estande brasileiro na Fruit Logistica, acompanhado de assessores. Simpática, Luiza percorreu cada um dos espaços ocupados pelas empresas de vários estados - incluindo as três do Ceará: Tropical Nordeste, Agrícola Famosa e Itaueira - e depois fez perguntas a respeito da fruticultura nacional.
Durante a visita, a embaixadora ouviu explicações de Eduardo Caldas, gestor de projetos da Apex, e do secretário-executivo da Abrafrutas, o baiano José Eduardo Brandão Costa, que, qual um banco de dados, despejou um série de números e informações sobre as exportações brasileiras de frutas frescas.
Na ocasião, a embaixadora Luiza Ribeiro conversou também com o Carlos Prado, sócio-presidente da empresa cearense Itaueira, e com seu filho Tom Prado, que acaba de assumir a presidência da Comissão de Fruticultura da Confederação Nacional da Agrocultura.
A diplomata abordou o Acordo de Livre Comércio Mercosul-União Europeia, que se arrasta há quase 10 anos, e ouviu de Carlos Prado a opinião de que, inviabilizado esse entendimento como tudo parece indicar, o Brasil deveria partir para um acordo bilateral com a União Europeia. A embaixadora preferiu não fazer comentários.
Egídio Serpa
Colunista*
Veículo: Diário do Nordeste