O impacto da estiagem e da menor oferta de água para a produção agrícola neste início de ano pode encarecer o preço dos alimentos se não voltar a chover em áreas produtoras. Dados do Ministério da Agricultura mostram que 60,05% dos municípios produtores agrícolas registra déficit hídrico, com umidade do solo abaixo da média histórica, o que traz dificuldades para a agricultura.
A ministra Kátia Abreu afirmou que o momento é decisivo para a safra de grãos do país e também para outras culturas, como café e cana-de-açúcar. Segundo ela, o tamanho da oferta vai depender das"chuvas de agora" no Sul de Minas, no Triângulo Mineiro e em parte do Espírito Santo.
Algumas culturas, como café e feijão, podem ser mais prejudicadas. O café já vem de um ano de menor produção por causa da estiagem no ano passado. No caso do feijão o impacto é sazonal, pois o Brasil colhe três safras por ano.
A produção deste verão pode diminuir, reduzindo a oferta, com impacto nos preços, mas a entrada da safra seguinte no mercado deve fazer as cotações se acomodarem. A situação é mais crítica para os agricultores que cultivam hortifrútis, cuja produção dependente fortemente de irrigação.
Esse cenário pode tornar ainda mais complexa a missão do Banco Central, de manter o custo de vida dentro de um limite de tolerância que tem como teto um IPCA de 6,5%. A expectativa do mercado financeiro, sem levar em conta uma redução mais forte da oferta de alimentos, é de que a inflação termine em 7,05%.
Diante desse quadro, o Ministério da Agricultura preparou um estudo, divulgado ontem, em um novo site do governo, que mostra que no caso da cana, matéria-prima para etanol e açúcar, 66,04% de municípios produtores (que respondem por 80% da produção nacional) tinham em janeiro umidade do solo abaixo da média histórica; no caso do café, essa taxa ficou em 90,98%.
"O café está em fase de enchimento do grão e as chuvas de agora são decisivas", explicou Kátia Abreu. "Café nos preocupa, estamos torcendo pelas chuvas de agora", frisou. (AE)
Veículo: Agência Estado