O café, um dos poucos itens que ainda seguram a balança comercial, começa a perder força nas negociações do mercado futuro
O primeiro contrato foi negociado nesta terça-feira (3), em Nova York, com queda de 6,55%. Em um mês, a queda acumulada é de 21,5%. O produto, que vinha mantendo alta de preços ante os de igual período do ano anterior até há poucas semanas, está com queda de 34% em relação a março de 2014.
Alguns fatores pesam nessa desvalorização. Primeiro, a chuva de fevereiro pode melhorar a produção, na avaliação do mercado. Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, não acredita que as chuvas melhorem muito o quadro de seca já vivida pelas plantas nos últimos dez meses. "As árvores estão cansadas", diz ele.
Um segundo fator é a valorização do dólar em relação ao real. Por ser o Brasil o maior exportador mundial de café, o mercado passa a exigir descontos no produto devido a eventuais ganhos dos exportadores e dos produtores nacionais com a alta do dólar. Carvalhaes atribui a queda, ainda, a uma imagem "bagunçada e desgastada" do país no mundo, devido aos descaminhos da economia e à corrupção política.
Essa queda ainda está limitada às Bolsas, mas, se chegar aos preços do mercado físico, vai gerar grandes incertezas, de acordo com Carvalhaes. O produtor começa a enfrentar uma série de custos internos, provocados pela elevação de inflação e por produtos básicos que têm referência de preço no dólar, como fertilizantes, diz ele.
Veículo: Folha de S. Paulo