Os preços da soja apresentaram forte valorização ao longo de fevereiro, tanto no Brasil como na Bolsa de Mercadorias de Chicago (Cbot). De acordo com relatóario divulgado pela empresa de consultoria em agronegócio Safras & Mercado, dois fatores foram decisivos para o bom desempenho da cotação das oleaginosas: a paralisação dos caminhoneiros brasileiros e a sinalização de redução de área nos Estados Unidos em 2015, feita pelo Departamento de Agricultura norte-americano (Usda).
No dia 19, o Usda surpreendeu o mercado ao, pela primeira vez, sinalizar que, diante dos baixos preços das commodities, os produtores americanos poderiam diminuir a área. O corte foi modesto - de 83,7 milhões para 83,5 milhões de acres -, mas impactou diretamente nos contratos futuros de Chicago.
A área, se confirmada, ainda seria muito grande e insuficiente para abalar as perspectivas de ampla oferta mundial da commodity. A alta, portanto, teve caráter psicológico e ajudou aos movimentos especulativos, buscando uma correção diante das perdas recentes.
No final do mês, o mercado foi impactado positivamente pela paralisação dos caminhoneiros no Brasil. Na avaliação dos participantes, com a dificuldade do país escoar a produção, a demanda mundial tenderia a se deslocar para o mercado norte-americano. Em função disso, houve um novo repique nos preços praticados em Chicago. Entre 30 de janeiro e 26 de fevereiro, os contratos com vencimento em maio, negociados naquele mercado, tiveram uma valorização de 7%, pulando de US$ 9,67 para US$ 10,34 por bushel.
Segundo Safras & Mercado, os preços no Brasil acompanharam a performance externa. Nas principais praças do País, a alta no mês oscilou entre 8% e 10%. A saca de 60 quilos em Passo Fundo (RS) saltou de R$ 59,00 para R$ 64,00. Em Cascavel (PR), o preço subiu de R$ 55,50 para R$ 61,00. Em Rondonópolis (MT), a cotação avançou de R$ 50,00 para R$ 55,00. Em Dourados (MS), o preço também teve uma escalada considerável, passando de R$ 52,00 para R$ 57,00. Em Rio Verde (GO), a saca saiu de R$ 54,00 no início do mês para R$ 59,00 no penúltimo dia útil de fevereiro.
Além da influência de Chicago, o câmbio também favoreceu as cotações domésticas. O dólar comercial acumulou alta de 7,3%, fechando o dia 26 a R$ 2,886. A insegurança dos investidores com as questões políticas e econômicas do país garantiram a alta da moeda americana, dando competitividade às commodities de exportação brasileiras, como a soja.
Veículo: Diário do Comércio - MG