A Nestlé, maior companhia mundial do setor alimentício, indicou que as vendas se manterão em melhor situação do que previram alguns analistas, à medida que a recessão afeta os gastos dos consumidores e faz com que concorrentes abandonem suas previsões.
A fabricante suíça disse ontem que almeja que o crescimento das vendas, excluindo aquisições, alienações e flutuações cambiais, "pelo menos se aproxime" dos 5%, em comparação com sua meta de 5% a 6% por ano nessa base. Os analistas esperam um ganho de 3,7% em 2009, o mais lento em 16 anos, segundo a média da estimativa de 11 deles.
A Nestlé, cujas ações registraram a maior alta em quatro meses em Zurique, também divulgou um aumento de 69% no lucro sobre ganhos provenientes da venda de ativo. No início do mês, o cenário econômico e os preços voláteis das commodities obrigaram a Unilever, fabricante de sabonetes e alimentos, a abandonar seu prognóstico, o que fez suas ações despencar.
"Não é muito convincente que o modelo da Nestlé vá se manter enquanto as economias se deterioram", disse Andrew Wood, analista da Sanford Bernstein, em nota. "Entretanto, esses resultados deverão colocar a Nestlé no alto da pirâmide em relação as suas concorrentes", afirmou o analista.
As vendas avançaram 2,2% no ano passado, para 109,9 bilhões de francos suíços (US$ 93 bilhões), e a receita orgânica aumentou 8,3% em 2008, o quarto ano em que a Nestlé supera sua estimativa. Mesmo assim, o crescimento no fornecimento desacelerou à medida que os consumidores trocaram os alimentos de marca pelas marcas próprias dos varejistas. O volume de produtos vendidos aumentou 2,8% em 2008, abaixo dos 4,4% em 2007. O lucro líquido registrou alcançou 18 bilhões de francos suíços em 2008, frente a 10,65 bilhões de francos em 2007.
A Nestlé obteve um ganho de 9,2 bilhões de francos na venda de julho de uma participação de 25% na Alcon, que fabrica produtos de cuidados com os olhos como a solução para lentes de contato Optifree. Mesmo assim o lucro não alcançou a média da estimativa de sete analista pesquisados, de 20,24 bilhões de francos, após vários encargos extraordinários. O franco forte e a flutuação de outras moedas também reduziram o crescimento das vendas em 2008 em 7,8%, enquanto as margens de lucro encolheram em três setores: bebidas em pó e líquidas, água engarrafada e alimentos preparados.
O diretor financeiro, Jim Singh, disse em uma teleconferência, que as vendas provavelmente irão "se recuperar" durante o transcurso de 2009. As principais matérias-primas agrícolas da Nestlé possivelmente ficarão cerca de 2% mais caras em 2009, alinhadas com a inflação, acrescentou. A Nestlé irá gastar 4 bilhões de francos recomprando ações este ano, depois de adquirir papéis no valor de 8,7 bilhões de francos em 2008. A Nestlé também informou que irá aumentar seu dividendo para o ano em 15%, para 1,40 franco por ação.
Veículo: Gazeta Mercantil