Alimentação: Muitos ignoram valor nutricional de frutas, verduras e legumes
Preços e falta de costume em experimentar alternativas na dieta afastam o paraense de uma alimentação rica em frutas, legumes e verduras, como recomenda o Ministério da Saúde, que lançou na última terça-feira o livro “Alimentos Regionais Brasileiros”. Nas feiras livres de Belém, principalmente no Ver-o-Peso, central da variedade alimentícia amazônica, há muitas opções e as pechinchas fazem parte da relação de consumo. Uma das frutas destacadas na publicação é o açaí, que faz parte da rotina alimentar do paraense da capital, embora os preços afastem o consumidor e a cultura de bebê-lo acompanhado de alimentos gordurosos e salgados comprometa suas propriedades saudáveis. Mesmo os feirantes que trabalham com frutas, legumes e verduras recomendados pelo MS, revelam uma dieta que favorece o adoecimento. Só 15% dos belenenses, como aponta o livro, costumam consumir frutas, legumes, verduras e hortaliças frequentemente e conhecem a importância dessa dieta variada.
Andreza Monteiro, 17 anos, ajuda o pai, o feirante Flávio Santos, na barraca no Ver-o-Peso e diz gostar de frutas e saladas, mas sem um hábito regular de consumo. Do que vende na banca, ela diz apreciar ingá, uxi, pupunha e milho, as duas primeiras frutas referenciadas pelo MS. Flávio “roía” um uxi durante a entrevista, mas ressalvou: “Gosto é de um bacuri”. Andreza por sua vez diz que prefere verduras e legumes “num cozidão ou sopa”.
“Ceará”, como é conhecido o vendedor de castanhas-do-Pará Valdir da Silva, disse que as vendas de castanha melhoraram de cinco anos para cá, conforme pesquisas apontam os benefícios da amêndoa. Ele mesmo é um consumidor voraz. “Os médicos dizem que a gente deve comer uma ou duas por dia. Eu como é 20 logo, com café. E vem gente de todo o mundo e todo o País comprar castanha aqui pelos benefícios à pele, cérebro, ossos, próstata. Mas como bastante legumes, verduras e frutas”, disse. Os médicos pedem moderação no consumo de castanhas e, embora as torradas sejam as mais vendidas porque se deterioram mais lentamente, as naturais são mais recomendáveis.
Felipe Matheus, 20 anos, tornou-se vegetariano há quatro meses, após deixar de consumir carne vermelha e carne branca. Ele garante que a saúde melhorou, mas o cardápio diversificado o obriga a fazer compras até três vezes por semana. “Não pode faltar maçã, banana, beterraba, cenoura, mangostão, acerola, couve, salsinha, alface, cheiro verde, milho verde, cebolinha... muita coisa. Temperando bem, fazendo receitas, já nem sinto falta de carne e até fico incomodado ao ver alguém comer. É um pouco caro manter alimentação saudável, mas quando vemos o que deixamos de comprar de carne, sai mais em conta. Porém, acho que falta costume de comer legumes e verduras. Isso não é comum no Pará”, avalia ele, uma exceção no que se refere ao conhecimento dos benefícios e da função dos alimentos.
Veículo: O Liberal - PA