Falta de controle na entrada e saída de produtos influiu no recuo de 0,8% de satisfação de empresários do comércio varejista de São Paulo, segundo pesquisa feita pela FecomercioSP
A falta de técnicas que permitam controlar melhor a previsão de demanda no comércio varejista tem provocado desequilíbrio no nível de estoques do setor. Este mês, a queda na satisfação de empresários com estoques bateu recorde negativo e chegou a 0,8%, na cidade de São Paulo.
De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o índice de satisfação do empresário da Região Metropolitana de São Paulo com nível de estoque caiu 0,08% em maio, ante a abril deste ano.
Segundo o estudo, o volume de empresários que em maio consideravam o seu estoque elevado chegou a 36,5%, que representa a terceira quebra de recorde consecutiva. Além disso, houve queda na proporção de empresários que avaliam seus estoques abaixo do adequado, passando de 14,6% em abril para 13,7% em maio.
Ao DCI, o coordenador de estudos e pesquisa do Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração Provar-FIA-USP, Nuno Fouto, afirmou que a alta dos estoques é consequência da falta de aplicação de técnicas para prever de maneira mais adequada o volume de demanda. "O empresário ainda está muito acostumado a usar a intuição quando o assunto é previsão de vendas", comenta. Para o coordenador, o estoque no comércio tem a função de controlar a variação da demanda, sendo que ela é volátil não apenas em momentos de crise econômica.
"No Brasil, os empresários não aplicam as técnicas estatísticas que poderiam minimizar as perdas nas vendas", ressalta. Além da falta de planejamento para abastecer as lojas, outro fenômeno que está relacionado ao alto nível de produtos é a insuficiência de conhecimento sobre o comportamento do consumidor. "Em momento de restrição de compra, o consumidor transfere uma parte do consumo para alguns produtos mais baratos. Se o comerciante não considera isso, ele terá problemas."
Alternativa
Com um grande número de produtos acumulados, os empresários devem adotar ações rápidas para diminuir o volume de itens que representam um investimento parado, diz o especialista. Para ele, os empresários não podem esperar que o cenário melhore sozinho. Devem adotar práticas para minimizar as perdas com a queda das vendas.
Acompanhar melhor indicadores sobre vendas também seria importante, sobretudo quando são balanços. Ontem, a entidade divulgou a queda de 5,5% em fevereiro nas vendas, na comparação com o mesmo período de 2014. Vestuário, tecidos e calçados; móveis e decoração e lojas de veículos foram os mais afetados.
Veículo: DCI