Vendas no inverno serão termômetro para encomendas de roupa infantil

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                                Fabricantes estão apostando em produtos de alto giro nos pontos de venda, mas perspectiva para o ano ainda é incerta. Produção de artigos de moda infantil e bebê recuou 0,8% no último ano




São Paulo - As vendas da coleção de inverno no varejo serão o termômetro para as encomendas do segundo semestre no setor de vestuário infantil. Depois de garantir as vendas para a estação mais fria do ano, as fabricantes contam com o clima para estimular as compras.

Segundo o sócio diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi), Marcelo Prado, embora o volume de produção para o inverno seja inferior ao registrado no verão, as vendas na estação ajudam a definir os pedidos para o segundo semestre.

"A venda da coleção de inverno para o varejo foi bem, mas agora o setor está esperando a chegada do frio para reduzir estoques", afirma ele.

Ao contrário da moda adulta, a troca gradual de numeração ajuda a movimentar os negócios no segmento. "Diferente dos adultos que, geralmente, usam uma mesma peça por mais de um inverno", destaca ele.

De acordo com levantamento do Iemi, a produção de artigos da categoria de moda infantil e bebê registrou queda de 0,8% em 2014.

Prado observa que a tendência é que a produção de moda infantil volte a crescer, estimulado pela segmentação. Esse ano, entretanto, ele reconhece que as empresas estão trabalhando mais para evitar retração no volume.

Giro

A catarinense Brandili está investindo em um portfólio de produtos com alto giro nos pontos de venda e uma campanha de estímulo às compras para o consumidor final. "Tivemos um crescimento [das encomendas] com relação aos números obtidos no ano anterior, mas, ainda assim, abaixo do previsto", conta a gerente de negócios de varejo da empresa, Elizabeth Brandes.

Ela atribui o desempenho mais fraco ao alto nível dos estoques no varejo e a incerteza no cenário econômico. Atualmente, a confecção opera com 75% da capacidade instalada.

No segundo semestre, que concentra o maior volume de vendas do setor de confecção, a executiva espera que o nível de confiança dos lojistas e consumidores aumente.

"É claro que se o cliente vendeu menos, poderá estar menos capitalizado para compras de coleções futuras. Mas ele não deixará de comprar, poderá comprar menos", avalia o diretor comercial da Brandili, Jaison Stanke.

Na Fakini, a estratégia adotada foi concentrar a produção no vestuário infantojuvenil para manter o crescimento registrado nos últimos anos.

O diretor comercial da fabricante, Francis Fachini, revela que, depois de observar que o desempenho da linha infantil era melhor que as demais, a empresa optou por reduzir o portfólio e concentrar os esforços de venda para uma faixa etária menos ampla.

"Percebemos já no ano passado que não adiantava oferecer uma coleção cheia de novidades esse ano, porque o mercado ia demandar o básico, com preço mais atrativo", ressalta o diretor.

Com isso, a empresa conseguiu ampliar em 18% o faturamento com vendas nos primeiros quatro meses do ano. Fachini destaca a redução de custos de produção como outro fator que contribuiu para o bom desempenho no período.

"Entramos com uma estrutura fabril bem enxuta nesse ano, o que nos permitiu lançar a coleção de inverno com quase o mesmo preço do ano passado, enquanto nas concorrentes o reajuste foi de 15% em média", detalha o diretor.

Ele reconhece, entretanto, que está mais difícil manter o resultado no segundo trimestre, porque o varejo ainda está com estoque alto. "Esperamos o frio para baixar os estoques, mas o consumidor não está comprando na ponta", diz.

Marcelo Prado, do Iemi, observa que estratégias que priorizam a concorrência pelo preço no mercado de vestuário podem não ser as melhores. "É importante ter um produto inovador no portfólio, com maior valor agregado, porque ele atrai o consumidor, que acaba levando um item mais barato dentro da própria marca", lembra ele.



Veículo: Jornal DCI




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