A indústria de eletroeletrônicos de Minas Gerais fechou o primeiro semestre deste ano com queda de praticamente 18% na receita em comparação com a do mesmo período de 2014. Além disso, as empresas do setor continuam demitindo, muitas fecharam as portas e outras estão em estado de "hibernação", com atividades paralisadas, aguardando uma melhora, o que não deve acontecer pelo menos em 2015.
"Não foi um semestre bom e não existem perspectivas de melhoras para o segundo semestre. Muitas empresas entraram em hibernação ou até mesmo fecharam as portas. Não há mercado consumidor para o setor como havia nos níveis de 2012 e 2013, quando as empresas investiram para atender àquela demanda. Como hoje não há mais mercado, o custo destes investimentos começaram a onerar o capital de giro das empresas", explicou o diretor da regional da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) no Estado, Alexandre Magno D"Assunção Freitas.
Segundo ele, essa situação agravou o quadro de demissões que já vinha ocorrendo no setor desde o início deste ano, mesmo com as empresas lutando para manter os níveis de emprego em uma tentativa de segurar mão de obra qualificada, que não é abundante no mercado atual. "O desemprego continua e está piorando", destacou Freitas sem detalhar números.
A indústria elétrica e eletrônica é composta por vários segmentos, como geração, transmissão e distribuição de energia, telecomunicações, automação industrial, eletroeletrônicos e informática. Porém, a situação é geral e, conforme o diretor regional da Abinee, a única área que está conseguindo obter um desempenho um pouco melhor é a de smartphones, tablets e informática, mesmo assim, com receita também abaixo dos níveis do ano passado.
Desoneração - De acordo com Freitas, algumas medidas adotadas recentemente pelo governo federal penalizam ainda mais o setor. Uma delas foi a redução do benefício sobre a desoneração da folha de pagamento, que deve impactar em pelo menos a metade dos produtos fabricados pelo segmento. Os itens que estão taxados com 1% de contribuição previdenciária devem passar para 2,5% e os que estão com 2%, para 4,5%.
Diante deste cenário, a Abinee pleiteia junto ao governo federal, com apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que o Executivo volte atrás no aumento da tributação para setores que deram retorno positivo aos cofres públicos. "Queremos que o governo inclua a indústria eletroeletrônica nos segmentos que ainda terão algum benefício", disse o diretor regional da entidade.
Para justificar o pleito, a Abinee desenvolveu um estudo mostrando que, para o segmento, a renúncia fiscal com a desoneração da folha de pagamentos foi de R$ 485 milhões em 2014, enquanto a arrecadação adicional com a elevação da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) no mesmo período foi de R$ 619 milhões, o que significa um saldo positivo de mais de R$ 100 milhões.
O fator câmbio também pode ser decisivo para o setor neste ano. A valorização da moeda norte-americana pode favorecer as indústrias eletroeletrônicas que exportam, mas, na outra ponta, encarecer os custos para as que importam componentes e montam produtos manufaturados dentro do país.
Diante do quadro grave que se instalou no segmento, Freitas tem uma receita: "Não adianta lamentar. hora de trabalhar, buscar inovação e tecnologia e agregar valor aos produtos para a indústria se tornar mais competitiva".
Nas contas da Abinee, todos os segmentos que compõem a indústria elétrica e eletrônica do Estado geram de 12 mil a 15 mil postos de trabalho diretos. Ao todo, calcula-se que são aproximadamente 200 empresas do setor. Minas representa entre 7% e 8% de todo o parque nacional.
Veículo: Diário do Comércio - MG