Enquanto a alta do dólar prejudicou diversos setores da economia, outros acabaram sendo beneficiados. É o caso do segmento de brindes, que já trabalha para ampliar a carteira de clientes pulverizada entre pequenos, médios e grandes corporações. Para garantir bons negócios, muitas empresas já seguram seus reajustes de preços.
A ampliação da carteira de clientes, segundo especialistas ouvidos pelo DCI, aconteceu em função da diminuição dos pedidos das grandes corporações e, para o presidente da Forma Promocional - organizadora da feira Brazil Promotion -, Auli De Vito, ganha a empresa que se adaptar às mudanças do mercado. "Parte significativa do setor são importadores, mas há empresas que atuam com produtos nacionais. Toda a linha de costurados, por exemplo, tem crescido porque ficaram mais competitivos com a alta do dólar", disse ele.
Com peças personalizadas, as empresas como Bom Brindes, Fantastic Brindes e Grupo BB vendem canecas, squeezes e canetas para atender desde pedidos de grandes corporações como a Coca Cola, Bradesco e Claro até as encomendas com volume menor, que parte da pequena e média empresa. (Veja ao lado a lista dos itens mais procurados em outubro).
Com um plano de expansão por meio da criação de franquias, a Bom Brindes pretende inaugurar duas unidades em Campinas (SP), em março do próximo ano e alcançar sete unidades até o final de 2016. "Em junho tivemos um faturamento 30% maior, na comparação anual, e o mesmo aconteceu em julho, quando crescemos 23%. Em agosto empatamos com o período do ano passado", explicou o diretor geral da Bom Brindes, Aguinaldo Nascimento.
Segundo o executivo, a crise que o País enfrenta levou a empresa a atingir o sonho de expandir o negócio no formato de franquias. A unidade piloto já está funcionando em São José do Rio Preto, na Grande São Paulo, local onde a empresa atua.
Entre outubro e novembro, a Bom Brindes espera atingir a meta de faturar R$ 250 mil. De acordo com Nascimento, a empresa já fechou 55% dos pedidos para alcançar o resultado. Para garantir os negócios, completa o presidente da empresa, a companhia buscou novos produtos, além de ampliar de 200 metros quadrados para 700 m² o pátio fabril.
Efeito dólar
Com 80% dos produtos importados, a Bom Brinde teve de mudar de fornecedores por enquanto. "Com esta alta mais pesada do dólar, não estamos importando, mas operando com os itens de estoque e, quando necessário, compramos no mercado nacional", destaca Nascimento. A última compra da Bom Brindes foi feita em junho e o último ajustes de preços, na casa dos 20%, também. Hoje a empresa não trabalha com a possibilidade de repasse do valor dos produtos vendidos. Quem também descarta o reajuste de preços é a Fantastic Brindes. "Há três anos não alteramos a tabela de preços dos produtos e, pelo contrário, até reduzimos os valores. Alguns produtos tiveram reduções de 10%", explica o sócio administrativo da Fantastic Brindes, Rubens Bitelli Lorenzetti.
Para conseguir manter os preços, e até conceder descontos, a empresa busca otimizar a mão de obra, centralizar alguns processos e transporte, além de buscar novos clientes. Mesmo sem abrir valores de faturamento, segundo Lorenzetti, o ano está sendo bom. "O ano passado foi atípico e tivemos um excelente desempenho, por conta do efeito Copa do Mundo. Mas em comparação com 2013, as vendas deste ano dobraram".
Ele explica que algumas empresas, para reduzirem custos, cortam os investimentos em brindes, mas a atitude é não é a mais assertiva para o mercado. "Deixar de investir no marketing é um erro. Sem dúvida alguma". O sócio explica que as grandes empresas não deixaram de comprar, mas reduziram o volume de itens, o que levou a Fantastic a ampliar a carteira de clientes para manter os ganhos.
"Antes estávamos mais empenhados nos grandes pedidos, agora vendemos mais em quantidade de pedidos para manter o volume de produtos", completou Lorenzetti, lembrando que está mais difícil entrarem pedidos com um milhão de itens, por isso a empresa agora atende clientes de todos os portes.
Com estratégias para manter o preço dos produtos atrativos, tanto para grandes e pequenos produtos, além de apostar na pulverização da carteira de clientes, o Grupo BB atua apenas com produtos nacionais e tem se beneficiado com a alta do dólar. "Um efeito bom e positivo para nós é que o meu concorrente que só vende importados tem que subir o preço e alguns clientes grandes que compravam da China estão optando por comprar no Brasil", destaca o diretor comercial do Grupo BB, Plinio Bevervanso.
De acordo com o executivo, esse ano a empresa tem observado uma queda nas vendas, mas em função do aumento dos pedidos menores tem conseguido manter a meta.
Veículo: Jornal DCI