Temperatura recorde e clima seco elevam procura por ventiladores em 30% e por ar-condicionado em 500%. Com demanda em alta, climatizadores estão esgotados nas lojas .
As temperaturas acima dos 35 graus e a baixa umidade relativa do ar aumentaram em até 500% as vendas de equipamentos que amenizam o calorão. A procura é 30% maior para os ventiladores de teto, 500% para os aparelhos de ar-condicionado, que passaram a demorar quase um mês para serem instalados. Mas a vedete da estação tem sido os climatizadores, justamente por causa da umidade relativa do ar. Vendidos a cerca de R$ 400 nas redes populares, o produto está esgotado na maioria das lojas especializadas em eletrodomésticos na capital, sem previsão de retornar às prateleiras. E mesmo com o consumo em alta e as vendas desses produtos crescendo mais do que o dobro em alguns locais, as lojas informaram que ainda não se recuperaram da crise econômica de 2015.
A corrida para amenizar os efeitos do calor começou na semana passada, quando BH registrava recordes de temperatura. “Na nossa loja, no sábado passado, chegaram 20 climatizadores e foram vendidos os 20 em poucas horas. Tínhamos 500 no depósito da rede e já não há mais nenhum”, revela o sub-gerente da Ricardo Eletro, da unidade Centro, Thiago Luiz Vieira. De acordo com ele, o valor de R$ 399 do produto atraiu a clientela nesse período de calor. “Estava praticamente no mesmo valor de um ventilador, porém, o climatizador tem três funções: ventila, umidifica e climatiza”, afirma Thiago.
Tanto na Ricardo Eletro, quanto no Magazine Luíza e no Ponto Frio, no Centro da cidade, o climatizador com as três funções está esgotado e sem previsão de reposição. “No ano passado não foi assim, mas, desta vez, com a umidade do ar baixa, as pessoas estão buscando isso. A procura tem sido muito alta, nos restou aqueles que esfriam e esquentam, porém, vendem bem menos”, comenta Edmilson Portugal, gerente da Magazine Luíza do Centro. De acordo Thiago Luiz, mesmo que o produto tenha se esgotado no estoque isso não recupera a queda nas vendas por causa da crise econômica. “O preço não é alto. Precisaria de três climatizadores para equiparar a uma televisão. As vendas ajudam, mas não são a salvação do ano”, comenta.
Nem mesmo para os ventiladores, para os quais as vendas cresceram em torno de 30%, houve esse alívio. Segundo Marcos Henrique Campanelli Pereira, gerente da Casa do Vento, esse tipo de venda é sazonal. “Este ano, esse calor antecipou e as vendas cresceram 30% antes do tempo. Porém, não nos recuperamos da crise”, comenta. Segundo ele, os ventiladores mais procurados têm sido os de teto e de parede, que podem variar de R$ 230 a R$ 3,5 mil. Mas, em média, os consumidores buscam aqueles em torno de R$ 200. “O poder de compra dos clientes está menor, então, compram produtos com menores preços.”
Aumentos Os ventiladores estão até 12% mais caros do que no ano passado, segundo Marcos. Isso porque, de acorco com ele, a matéria-prima para o produto sofreu alta, como é o caso do cobre, fundamental para o motor de um ventilador. “O custo aumentou para nós, porém, não pudemos repassá-lo 100%, porque o consumidor não compraria”, diz. Para os próximos dias, Marcos acredita que não haverá mais ventiladores de teto, na faixa de R$ 200, à venda. “São poucos fabricantes no Brasil e eles têm que dar conta de Minas, São Paulo e Rio de Janeiro. Para se ter uma ideia, os fornecedores demoravam até sete dias úteis para nos entregar a mercadoria. Hoje, estão demorando 30 dias. Não vai ter jeito, vai faltar ventilador no mercado”, avisa.
A gerente de qualidade do Stúdio Dosh, Maria da Glória de Carvalho já garantiu os seus para a academia onde trabalha. “Ao todo comprei sete. Pesquisei antes de comprar e os preços não estão altos e, por enquanto, não tem havido falta de modelos”, comenta. Ela pagou R$ 208 por cada ventilador e diz que, onde trabalha, há também ar-condicionado. “É hora de investir em produtos para amenizar esse calorão”, comenta.
Ar-condicionado desdenha da crise
Enquanto os ventiladores e climatizadores vivem dias de estrelas na capital, um item vem crescendo na cidade até mesmo durante o inverno. “O mercado do ar-condicionado não passou por crise. Estamos em expansão constante, isso porque, agora, vem se tornando um item para qual o belo-horizontino está investindo para ter em casa”, comenta o gerente da Arcongel, Willian Lima Costa. A empresa é uma das maiores empresas no ramo em BH. De acordo com ele, nesse período de calor, as vendas crescem em média 500%.
Apesar da boa demanda, o mercado ainda não dá conta. Em média, a Arcongel recebe até 10 ligações por dia de pedidos de orçamentos. “Agora, recebemos 60 por dia. Porém, quando fazemos um orçamento e uma avaliação para o cliente, um técnico vai em sua casa, faz todo um estudo para a instalação do ar-condicionado e depois é dado o orçamento. No inverno, é agendado em um dia. Hoje, são preciso 15 dias para a visita e mais outros 15 para a instalação. O mercado não dá conta de tanta demanda”, comenta Willian.
Custos Embora os consumidores estejam economizando e freando custos altos, ter um ar condicionado em casa pode encarecer mais de R$ 150 a conta de luz (veja quadro). “As pessoas buscam conforto e disso não abrem mão”, garante Willian. Ele diz que, este ano, o aparelho de ar-condicionado encareceu cerca de 20% por causa da alta do dólar. Um modelo de 9 mil Btu (Unidade Térmica Britânica, em português), o mais usado para um quarto de nove metros quadrados, custa R$ 2,5 mil. “Os fabricantes são todos estrangeiros”, justifica Willian.
Veículo: Jornal Estado de Minas - MG