Em outubro, a confiança dos comerciantes chegou ao nível mais baixo desde 2003, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) calculado pela entidade revelou um fato ainda mais preocupante: nas regiões mais desenvolvidas do Sudeste e do Sul o pessimismo é maior.
A confiança dos empresários é avaliada por três parâmetros: condições atuais, expectativas e investimentos – e o termo médio é de 100 pontos, ou seja, abaixo disso predomina a desconfiança. Na média, o Icec registrou 81,9 pontos em outubro, 3% menos do que em setembro e 24,6% menos do que em outubro do ano passado.
Mas é na aferição da conjuntura que a percepção entra no campo mais negativo. Na Região Sudeste, a confiança nas condições atuais atingiu 37,1 pontos, queda de 9,4% em relação a setembro e de 48,7% em relação a outubro de 2014, com ajuste sazonal. Na Região Sul, o indicador foi de 42,5 pontos, queda mensal de 13,9% e de 40,5% em relação a 2014. De setembro a outubro se acentuaram as expectativas desfavoráveis para o ritmo da atividade.
É a economia em geral, muito mais do que o setor ou a empresa, que mais preocupa os entrevistados da pesquisa. São muitas e fortes as razões para o desânimo. Nas últimas semanas ficou claro que a inflação em 12 meses chegou a 10%, o déficit público será muitas vezes superior ao imaginado sem que haja boas perspectivas para 2016 e o desemprego medido pela Pnad Contínua é crescente, podendo superar 10% nos próximos meses.
Chega a ser surpreendente que as expectativas dos empresários consultados pela CNC ainda estejam no campo positivo (122,8 pontos em outubro), com queda de “apenas” 16% comparada a outubro de 2014. Muitas empresas parecem ainda ter alguma gordura para queimar, como cadeias de lojas que não repassam para os consumidores as altas de preço de produtos importados, na tentativa de evitar um período de Natal com vendas fracas, como preveem os analistas.
A baixa confiança dos empresários do comércio afeta, em especial, as expectativas quanto aos investimentos, que caíram 33,7% em relação a outubro de 2014 e às contratações (-30,8%), em especial de trabalhadores temporários para o fim de ano. O comportamento do varejo nas próximas semanas parece decisivo para o emprego em 2016.
Veículo: Jornal O Estado de S. Paulo