Furtos, erros na gestão do estoque e produtos vencidos são alguns dos vilões para que 4,4% dos ganhos das empresas sejam perdidos; em tempos de crise, diminuir o prejuízo vira peça-chave.
As perdas no varejo - que envolvem má gestão de estoque, furtos e produtos vencidos - afetam mais os pequenos e médios varejistas. Segundo o Ibevar, 4,44% do faturamento destas redes são perdidos anualmente. Frente às grandes deste ramo, o dado é quase duas vezes maior e, em época de recessão, diminuir perdas tem que ser palavra de ordem.
Para empresários e analistas, as PMEs precisam estar mais atentas ao que acontece no interior das lojas. "Infelizmente em momentos de crise é possível ver um aumento de pessoas em tirar vantagem de algumas situações. Isso pode acontecer mais nas operações que vendam itens de maior valor agregado", diz o presidente do Instituto Brasileiro de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), Claudio Felisoni de Angelo.
Apesar do índice alto, em anos anteriores, o patamar de perdas entre os varejistas menores somava 6,80%. O dado - apurado pela pesquisa do Ibevar e pelo Programa de Administração de Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA), em parceria com a Academia de Varejo - revela que, aos poucos, essa parcela do varejo tem se preocupado mais na gestão da empresa.
Ao todo foram entrevistados 185 PMEs, que somam 365 pontos de venda nas principais regiões do País. "Perguntamos a esses empresários se eles têm alguma medida de prevenção, como por exemplo, fazer inventário das operações", disse Angelo. Segundo o executivo, 65,6% dos pequenos varejistas afirmaram que fazem esse tipo de prevenção. "Outros 25, 2% disseram que não e 9,2% deles não sabem o que significa o termo", completou.
Olhar apurado
Na opinião do especialista, mais do que entender o hábito do consumidor, é necessário olhar para dentro da loja e minimizar os erros administrativos. "Esse é o momento para o empresário olhar para dentro de sua loja. Eles têm o costume de prestar atenção somente ao que está na frente do balcão", disse o presidente do Ibevar.
Dentre os fatores que fomentam as perdas desses empresários está a inadimplência com 0,54%; produtos danificados 0,35%; assaltos 0,22%, cheques devolvidos 0,17%; produtos vencidos 0,15%; furtos externos com 0,12%, entre outros fatores. "Muitos não se preocupam em ter um segurança nas lojas e, quando tem câmeras de identificação, geralmente são monitoradas por pessoas sem treinamento", enfatizou Felisoni. Para ele o principal ativo de uma operação é o colaborador e treinar a equipe também é uma forma de minimizar as perdas e melhorar a rentabilidade da loja. Se preocupar com o que acontece na loja e deixar de lado o amadorismo em relação à gestão também foi a opinião do diretor de relações institucionais da Virtual Gate, Caio Camargo. "Há 10 ou 15 anos tínhamos um varejo imaturo, focado apenas em resultado de vendas. Hoje não há mais espaço para isso", disse ele.
Para Camargo, o primeiro passo para evitar perdas operacionais está no controle. "Se você não tem controle não tem como saber o que está errado."
Do uso de etiquetas antifurtos, até antenas com a mesma função, o momento é propício para ser mais rígido, uma vez que os furtos (internos e externos) são grandes vilões. "Infelizmente vai ter que revistar pessoas suspeitas e criar sistemas que inibam roubos", disse.
Camargo acredita ainda que após esse momento conturbado da economia, o Brasil terá uma relação de consumo mais maduro. "Indústria, varejo e consumidor terão um olhar diferente sobre o dinheiro. Isso dará com que o consumo seja mais consciente a partir de 2017", concluiu ele.
Fatores externos
Mais que estar atento ao que acontece no ponto de venda, o empreendedor deve se preocupar com fatores externos, conforme mencionou a franqueada da Miss Pink de Divinópolis (MG), Rachel Cevallos Reis. "Tive problema com a transportadora quando comprei o primeiro estoque da loja itinerante. A caixa chegou violada e faltando R$ 2 mil em produtos", explicou. Após o susto e atenta a sua franquia, Rachel afirmou que será rígida em seu controle de estoque e câmeras de monitoramento vão ajudar a inibir furtos. "Vou contabilizar o estoque na abertura do quiosque e no fechamento. Como a loja está instalada em uma academia, câmeras do local podem evitar problemas", disse ela ao DCI.
Aplicativos de gestão de estoque e controles de clientes também serão usados pela empresária. "Vou saber em tempo real o que acontece."
Veículo: Jornal DCI