Comprar na 'Black Friday' requer cuidados

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Grande promoção do varejo on-line, nesta sexta-feira, exige atenção às armadilhas de descontos nem sempre reais e aos riscos impostos por sites desconhecidos ou suspeitos.

Lojas de shopping centers, o comércio de rua e o mercado on-line prometem descontos significativos na compra de variados produtos durante as 24 horas desta sexta-feira, na quinta edição brasileira da Black Friday, um dos maiores eventos do comércio eletrônico adotado pelo varejo tradicional. Criada nos Estados Unidos, a campanha ocorre na sexta-feira seguinte ao feriado comemorativo no país do Dia de Ação de Graças. Na Black Friday 2014, os brasileiros proporcionaram R$ 1,16 bilhão em receita para as lojas virtuais, de acordo com a e-bit, empresa especializada em informações do setor. A expectativa, neste ano, é de um faturamento de R$ 1,3 bilhão, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). O consumidor brasileiro, no entanto, deve ficar atento aos gastos desnecessários em um cenário de instabilidade econômica e às armadilhas na rede mundial de computadores.

Os lojistas e organizadores prometem descontos de até 80%, mas os órgãos de defesa do consumidor dão algumas dicas importantes para evitar compras por impulso. O coordenador do Procon da Assembleia de Minas Gerais (Procon-MG), Marcelo Barbosa, chama atenção para que o consumidor não se impressione com as ofertas anunciadas, desconhecendo a realidade do país, que envolve inflação e juros elevados, desemprego e queda da renda. Sem esse cuidado, ele correrá os riscos do endividamento desmedido. Outro alerta é para as possibilidades de fraude, que já ocorreram em edições anteriores.

De acordo com o Procon Assembleia, houve denúncias de que lojistas elevaram os preços às vésperas da Black Friday para, no dia da promoção, voltarem a praticar as tabelas normais, fazendo o consumidor acreditar que faria um bom negócio durante a campanha. Ocorreram, também, casos de sites que não mudam os preços, mas anunciam grandes descontos. Por essas e outras trapaças, muita gente passou a chamar o evento, no caso do varejo on-line brasileiro, de “Black Fraude”.

Se a opção for pela compra parcelada, ela deve ser feita sem comprometer o orçamento nem gerar um quadro de inadimplência. O perigo é entrar na empolgação das ofertas, que podem nem ser reais, e só perceber o gasto sem precaucão, quando chega a fatura do cartão de crédito. Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor – Proteste, destaca que o consumidor precisa monitorar os preços do produto desejado, durante pelo menos uma semana antes da Black Friday.

“Para fazer um bom negócio, com a certeza de que o preço anunciado no dia 27 valerá a pena, o consumidor tem que comparar o preço ofertado no dia da promoção àquele cobrado anteriormente pelas lojas. É recomendável, ainda, comparar as ofertas de sites de vários fornecedores do mesmo produto para confrontá-las”, afirma. O conhecimento prévio das características, modelos e funções da mercadoria desejada é essencial.

O jornalista Renato Simão nunca fez compras na Black Friday brasileira, mas pretende estrear este ano, em busca de uma smartv e um aparelho celular. “Já sei as marcas e os modelos dos produtos. Estou acompanhando o valor no mercado há seis meses e só vou comprar se os descontos realmente compensarem”, conta. A propensão dele a fazer a dívida está associada a descontos na casa de R$ 400.

Outra dica importante para o consumidor é evitar os horários de maior acesso aos sites, lembra o coordenador do Procon-MG. A despeito do congestionamento esperado na rede mundial e da rapidez na hora de fechar a compra, os cuidados básicos não devem ser esquecidos: ler sobre os prazos de entrega, formas de pagamento, política de troca e frete, especialmente. “Caso não esteja seguro, o consumidor deve tentar se comunicar com a empresa por telefone ou mesmo usando o serviço de atendimento on-line”, recomenda Marcelo Barbosa.

Outras providências são imprimir todas as folhas de contratação, em especial as que falam do preço, forma de pagamento, características do produto e previsão de data para entrega, além, é claro, de exigir a nota fiscal, o principal documento a favor do consumidor em caso de reclamação. “A hora do almoço, depois das 18 horas e por volta da meia-noite são os piores momentos para comprar. A alta procura pode dificultar a conclusão do negócio”, diz. Para se proteger, os internautas não devem fazer compras em sites desconhecidos ou suspeitos. É necessário pesquisar a reputação da loja, conferir telefone e endereço físico, além de verificar a legitimidade do negócio, observando indicadores de segurança nas páginas virtuais.

 



Veículo: Jornal Estado de Minas - MG


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