Desembolsos para setor de cana patinam com juros

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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve fechar este ano com queda no volume de recursos oferecidos ao setor sucroenergético. Fontes do segmento relataram à reportagem que, apesar de haver recurso para a renovação de canaviais (Prorenova) e estocagem de etanol (warrantagem), os juros elevados desestimulam o investimento.

Segundo essas fontes, o atraso na liberação dessas linhas também contribuiu para a retração. Um representante da cadeia produtiva estima que as captações estão 10% a 15% abaixo do registrado no ano passado. Procurado pela reportagem, o BNDES, responsável pelo financiamento, informou que só terá um número consolidado no mês que vem.

As linhas para estocagem de etanol e renovação de canaviais foram anunciadas com o Plano Safra 2015/16, em junho. O BNDES, porém, atrasou a liberação dos recursos, que só foram autorizados entre agosto e setembro. A warrantagem disponibiliza os mesmos R$ 2 bilhões de 2014, mas com juros maiores. A taxa é composta de custo financeiro misto de 25% baseado em TJLP e 75% em referenciais de mercado, acrescido de 1,775% ao ano para o BNDES.

Prorenova - Os juros também foram elevados para o Prorenova, que neste ano tem R$ 1,5 bilhão em recursos, metade do que foi alocado no ciclo anterior. Para esta linha, as condições estabelecem um limite de financiamento de até R$ 150 milhões por grupo econômico.

Em contratos de até R$ 20 milhões, a taxa de juros é composta por TJLP mais 1,5% ao ano, acrescida de intermediação de 0,1% para pequenas e médias ou de 0,5% para grandes empresas, com remuneração do agente negociador de até 1,7%. Caso o valor contratado seja maior, os juros são corrigidos por Selic mais 1,2% para o BNDES. Neste caso, não há alterações na intermediação, e a remuneração do repassador é livre.

Lançado em 2012, o Prorenova contribuiu para reduzir a idade média dos canaviais brasileiros de 3,9 para 3,2 anos até 2014, segundo cálculos do próprio BNDES. No ano passado, contudo, a renovação para a atual temporada, iniciada em abril, ficou em 14%, abaixo dos 18%, nível considerado ideal para evitar o envelhecimento das plantas.

Embora não tenha os números referentes ao setor sucroenergético, o BNDES informou que os desembolsos pela instituição retraíram-se como um todo. De janeiro a outubro, foram R$ 105,5 bilhões, queda nominal de 28%. O total de aprovações nos dez primeiros meses do ano ficou em R$ 81 bilhões, enquanto as consultas somaram R$ 108,6 bilhões. Em ambos os casos, as cifras representam retração nominal de 46%.

 



Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG


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