A demanda dos consumidores por produtos para o público infantil chama a atenção das empresas especializadas do varejo, que acreditam ainda haver grande espaço para crescer, principalmente nos shopping centers. Além disso, várias fabricantes de roupas infantis entram no mercado com lojas próprias, tendência antecipada pelo DCI. É o caso da Tip Top, uma das maiores fabricantes de roupas de bebê do Brasil. A empresa tem meta de expansão arrojada: chegar a 100 lojas e franquias em cinco anos.
Segundo o presidente da Tip Top, David Bobrow, neto do fundador da TDB, tecelagem criada em 1936 que comprou a Tip Top em 1987, a empresa aumentou a sua capacidade produtiva para depois começar a abertura de lojas. Foram construídas duas fábricas no Mato Grosso do Sul nos últimos seis anos, o que aumentou em 50% a produção. "O projeto surgiu há cerca de dois anos, a idéia era ter mais um canal de distribuição, que desse um upgrade na marca", disse. Bobrow ainda afirmou que outro objetivo é "atingir um público maior e influente": os freqüentadores de centros de compras.
"A maior parte do varejo dentro de shoppings é de monomarcas, não há tantas lojas exclusivas para o público infantil e para bebês, há um espaço maior para crescer", explicou. Assim, após 56 anos de existência, a Tip Top abriu sua primeira loja, no Bourbon Shopping Pompéia, em São Paulo, na última sexta-feira. Além disso, foi inaugurada a primeira unidade franqueada, no Shopping Ibirapuera, também na capital paulista.
Este mês estão programadas mais três novos pontos, todos em grandes shoppings de São Paulo. A maioria das lojas será de franquias em shoppings, sendo que as aberturas, em um primeiro momento, focam a Região Sudeste, Sul e Centro-oeste. Mas o plano é atingir depois todo o Brasil.
Como a Tip Top, cada vez mais empresas com atuação segmentada, como Marisol, Grupo Ornatus e brinquedos Ri-Happy, investem em lojas e em formatos de franquias voltadas exclusivamente para itens às crianças, com lojas próprias e não só por meio de multimarcas.
Isso se dá porque, apesar de outras marcas também estarem investindo mais no varejo, essas lojas possuem produtos mais sofisticados. No caso da Tip Top, a empresa tem o diferencial de não atender ao público AA e de ser mais voltada para bebês. Hoje, ela tem cerca de 8 mil clientes ativos e atende em multimarcas de grandes magazines, como a Renner. Mas o canal das franquias ainda é mais rentável que os outros dois e 15% da produção devem ser destinados às lojas TipTop, quando chegarem a 100 unidades.
Outra indústria que continua investindo no varejo e aposta no segmento infantil é a Marisol, com as redes de franquias Lilica Repilica e Tigor T. Tigre. Uma prova disso é que a empresa afirma estar investindo 20% a mais na área de marketing de divulgação das marcas do que no mesmo período do ano passado: cerca de R$ 12 milhões.
De acordo com Ronaldo Mattos, gerente de Operações e Expansão da Marisol, a partir de 2009, será diferente. As lojas das marcas terão um novo modelo, similar ao da unidade-teste criada em agosto, em Curitiba (PR), com novo layout e mais tecnologia. "Muda tudo: novo visual, exposição de produtos, ambientação, vitrine, é uma loja high-tech, há até um tapete virtual na entrada, onde as crianças podem brincar", explica Mattos.
As marcas infantis também têm participação fundamental e representam de 40% a 45% das vendas totais da Marisol. Segundo Mattos, a participação é sete vezes maior do que a de uma loja multimarcas, até porque esse tipo de varejo não compra toda a linha de produtos, mas apenas cerca de 20% do catálogo. Atualmente, existem 160 lojas Lilica e Tigor, - 140 no Brasil e 20 no exterior -, das quais só 4 são próprias; o restante é de franquias. Ainda há a meta de abrir mais 15 unidades este ano, 5 fora do País.
A maior parte das lojas também está em shoppings, 90%, e, para o diretor, a concorrência no setor deve mesmo aumentar, podendo haver uma segmentação, com lojas só de acessórios e calçados infantis, por exemplo.
Nova marca
O Grupo Ornatus, dono das redes de franquias Jin Jin Wok, de comida asiática, e Morana, de bijuterias, criou recentemente a nova marca Balonè, de bijuterias e acessórios, direcionada ao público de 8 a 16 anos. De acordo com o diretor de Marketing do grupo, Eduardo Morita, a idéia surgiu em função de um convite da Disney e foi formalizada uma parceria por meio da qual o grupo é o único no Brasil com licença da Disney para vender bijuterias.
"Já tínhamos a intenção de atingir um público mais jovem. As pessoas estão consumindo mais, as meninas também procuram acessórios cada vez mais cedo", diz. A marca possui hoje 3 unidades e a previsão é chegar a até o final do ano com 10 lojas; no ano que vem querem chegar a 30 operações. Para concorrer no mercado a empresa também está investindo em uma estratégia de precificação, com valores adequados para tornar os produtos acessíveis. A Balonè ainda deve fortalecer o Grupo Ornatus, que deve fechar 2008 com crescimento de cerca de 10% sobre seu faturamento do ano passado, que foi de R$ 40 milhões.
O varejo voltado para o público infantil também cresce e atrai investimentos de empresas, como Tip Top, Marisol, Grupo Ornatus e Ri-Happy, com abertura de mais lojas e novas marcas.
Veículo: DCI