Mais sensíveis à crise e com retomada mais lenta, algumas cidades poderão ter recuo de até 17%, caso de Campinas. Orientação é enxugar as operações para atravessar a recessão sem quebrar.
Mais sensíveis às turbulências econômicas, algumas cidades da Grande São Paulo e do interior devem puxar o tombo previsto no faturamento do varejo no estado em 2016. Com a expectativa de redução nos ganhos, a alternativa é apostar em operação enxuta para atravessar recessão.
A projeção pessimista foi revelada ontem pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Segundo a estimativa consolidada da federação, a receita total de vendas do ano que vem deverá alcançar a cifra de R$ 504 bilhões, queda de 5,1% na comparação com este ano.
"A não ser que haja uma reversão total do cenário político e em consequência da economia, a confiança do consumidor vai continuar em baixa. O medo de perder o emprego é o motivador dessa desconfiança", explica o assessor econômico da FecomercioSP, Thiago Carvalho, lembrando que, este ano, a previsão é de queda na casa dos 7%, sobre 2014.
Os segmentos mais afetados, de acordo com o estudo, são os de concessionárias de veículos (-16,6%) e de lojas de eletrodomésticos e eletrônicos e lojas de departamentos (-15,1%), que devem registrar receitas de R$ 63,4 bilhões e R$ 43,9 bilhões, respectivamente.
No contexto geral, as maiores retrações foram vistas nas regiões do interior do e Estado e Grande São Paulo.
Os maiores recuo deverão acontecer em Campinas (-17,5%), Osasco (-11,6%), Araraquara (-9,0%) e Presidente Prudente (-7,1%). Juntas, estas regiões respondem por 20,6% do faturamento do Estado.
"São locais que atingiram uma certa maturidade. Eles ainda têm espaço para crescer, mas em menor proporção do que antes. No entanto, neste período de crise, eles devem enxugar suas operações para evitar perdas maiores", indica o professor de Varejo da faculdade de administração da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), Amnon Armoni.
Não por coincidência, as quatro regiões detém também as maiores taxas de desemprego no setor de Varejo no acumulado deste ano até setembro. Em Osasco, por exemplo, o índice de emprego no comércio caiu 4,4% nos primeiros nove meses do ano. Já em Campinas, a queda é de 3%.
Entre janeiro e setembro deste ano, o interior paulista fechou 41.731 vagas de trabalho no varejo. Na capital, foram fechados 15.832 postos no mesmo período, de acordo com a FecomercioSP.
Pé no acelerador
Apesar das projeções pessimistas, os varejistas que atuam no interior de São Paulo e na região metropolitana da capital prometem investimentos.
Até o final do primeiro semestre do ano que vem, a rede de supermercados Savegnago, que possui 32 unidades em 11 cidades do interior do estado, pretende aportar R$ 106 milhões em cinco novas lojas. A previsão é de que elas demandem 1.100 novos empregos em Ribeirão Preto, São Carlos, Barretos e Rio Claro.
Com as inaugurações, a rede acredita aumentar em até 19% as suas receitas no próximo ano, ao passar dos atuais R$ 2,1 bilhões para R$ 2,5 bilhões.
No próximo dia 21 de dezembro a Atacadista Roldão vai inaugurar uma nova loja em São José dos Campos. A abertura é parte da estratégia da rede de crescer no interior.
"Vamos continuar investindo em regiões do Estado de São Paulo para contribuir com o desenvolvimento econômico e gerar novas oportunidades de emprego", afirma o CEO da companhia, Ricardo Roldão.
Veículo: Jornal DCI