Diante da forte retração da economia, o segmento de latas metálicas - amplamente utilizadas no negócio de alimentos - terá um ano de queda. Para 2016, a expectativa da Associação Brasileira de Embalagem de Aço (Abeaço) é apenas de manutenção dos volumes.
"O ano de 2015 foi um período de incertezas. A retração da economia brasileira e a falta de confiança do mercado vêm afetando diretamente a indústria brasileira", afirmou em entrevista ao DCI a diretora executiva da Abeaço, Thaís Fagury.
Segundo a entidade, o mercado de embalagens metálicas deve fechar o ano com uma retração de 7,1% sobre 2014. "Diante do cenário de incertezas, não há expectativa de crescimento no ano que vem. A nossa estimativa é que o setor apenas mantenha os volumes de 2016", acrescentou Thaís.
A dirigente contou que as empresas trabalham para minimizar os efeitos da crise que se instalou no País. "O principal desafio para o ano de 2016 será superar a retração da economia", pondera. Apesar da entidade ainda não ter dados compilados, Thaís destaca que tem ocorrido demissões no setor.
Uma pessoa ligada a um importante fabricante, que prefere não ser identificada, observou que o cenário se agrava na medida em que a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), única fornecedora de folha-de-flandres (matéria-prima para embalagens metálicas) com fabricação local, costuma fazer exigências como pedido mínimo de 50 toneladas de material casado e pagamento à vista.
"Nas atuais condições de retração do mercado, fica difícil atender a essas exigências", pondera a fonte, que complementa. "Fora que a prioridade total da CSN é da sua subsidiária, a Prada", reclamou.
Exportações
Diante do quadro recessivo no Brasil, as associadas da Abeaço estão reunindo esforços para ampliar o nível de exportações, uma vez que o dólar está mais valorizado. "Nesta crise, o outro lado da moeda é que a desvalorização do real fez com que os produtos nacionais voltassem a ficar com preço competitivo no exterior", diz Thaís.
Ela afirma que muitas empresas nacionais estão aumentando as exportações como alternativa para crescer e continuar investindo.
"Os produtos que viajam em lata, como alguns alimentos, são muito bem recebidos lá fora", pondera. "Um dos segmentos que apresentaram crescimento nas exportações foi o de carne enlatada", destacou.
No entanto, nos últimos anos, o negócio de latas de aço perdeu espaço nas gôndolas dos supermercados para o plástico, o chamado stand-up pouch (embalagem que se mantém em pé, na tradução literal). Inúmeros tipos de alimento passaram a ser vendidos nesta modalidade, desde molho de tomate até cogumelos e maionese.
Contudo, de acordo com a Abeaço, os alimentos acondicionados nas latas de aço ganham maior valor agregado. "Neste ano, não houve mudança significativa no share de embalagens de aço para alimentos", garantiu Thaís.
Ela ressalta ainda que os fabricantes têm como estratégia investir na melhoria dos parques industriais. "O intuito é que, em 2016, as empresas tenham linhas mais modernas e diversificadas a fim de reduzir os custos de produção".
Em um trabalho paralelo, a Abeaço atua na reciclagem de latas de aço pós-consumo para garantir matéria-prima para a produção do item. O programa Prolata, mantido pela cadeia dos fabricantes, conseguiu ampliar a coleta de latas neste ano em cerca de um ponto percentual em relação a 2014, para 47,5%.
O volume, de acordo com o Prolata, corresponde a 1,8 mil toneladas de reciclados somente em 2015.
Veículo: Jornal DCI