Pior crise desde o Plano Real derruba o varejo e retomada fica só para 2017

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Setor acumula quedas sucessivas nas vendas desde maio deste ano e, segundo a Associação Comercial de São Paulo, série de indicadores negativos deve persistir até abril do ano que vem.

O comércio brasileiro vai amargar este ano o pior desempenho desde o início do Plano Real, em 1994. A previsão é da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e aponta que, com otimismo, a retomada do setor ficará para 2017.

Para dezembro a previsão é de queda de 5% nas vendas, na comparação com o mesmo mês de 2014. O novo recuo soma-se a outras quedas que atingem o setor desde maio, quando o indicador ficou negativo pela primeira vez desde a crise de 2009. Naquele mês, houve leve baixa de 0,2% nas vendas, na mesma base de comparação.

Com o longo período de recessão, a ACSP aguarda por uma recuperação apenas a partir de 2017. "No acumulado ano, vamos finalizar 2015 com uma queda generalizada de 7%. A gente vai buscar uma estabilização em 2016, mas só em 2017 devemos voltar a ver índices positivos", estima Marcel Solimeo, economista e superintendente institucional da ACSP.

Segundo ele, a maior preocupação do setor hoje é a incerteza diante do cenário político e econômico que, para Solimeo, tem impactado diretamente nos resultados do comércio nacional. "Se trata de uma crise diferente das outras que o Brasil já passou, já que ela une políticas econômicas equivocadas, crise política e cenário externo desfavorável", comenta.

Se 2015 é um ano para o varejo esquecer, 2016 não deve ser de alívio, principalmente no primeiro trimestre. A ACSP estima ainda quedas acentuadas nas vendas até abril, quando, de acordo com Solimeo, o setor poderá sofrer um recuo de até 8,6%. "A última vez que o comércio chegou à patamar semelhantes foi na era do presidente Collor, antes do Plano Real, com aquela inflação de dois dígitos e queda de 15% nas vendas", conta o economista.

Natal

Nem a data comemorativa de Natal deve ajudar a melhorar o resultado do varejo este ano. A perspectiva da ACSP é que o comércio de presentes seja 0,7% menor que em 2014, pelo menos na Grande São Paulo.

O estudo da associação leva em conta o fraco desempenho do setor na região durante a primeira quinzena deste mês, quando houve recuo de 15,4% do Indicador de Movimento do Comércio a Prazo (IMC) e de 22,4% do Indicador de Movimento de Cheques (ICH), levantados junto à Boa Vista Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). "São números bem abaixo do comum nesta época do ano. Eles dão certa noção de como o Natal deve ser fraco e que não vai ajudar a recuperar parte das perdas de 2015", diz Emílio Alfieri, também economista da ACSP.

Alfieri crê, ainda, que caso o consumidor não utilize a segunda parcela do décimo terceiro salário para comprar presentes, o varejo como um todo pode ampliar suas perdas. "Ele [cliente] pode estar esperando receber esse dinheiro para comprar à vista, já que com a confiança em baixa ele deixa de comprar à prazo", explica.

Outro motivo para a queda nas vendas natalinas pode ser a Black Friday, realizada em novembro pelo varejo e que contou com ampla participação do setor este ano.

"A Black Friday pode ter tirado um pouco do peso do Natal, com o consumidor antecipando suas compras. Vale notar que no evento deste ano ela teve a participação do varejo amplo. Antes era uma programação mais dirigida ao e-commerce", diz Alfieri.

Segmentos

A ACSP divulgou também um balanço das vendas no varejo paulista no mês de outubro, quando, segundo a associação, houve queda de 14%, ao comparar os dados do mesmo período do ano passado.

O segmento com maior recuo na base de comparação foi o de Concessionárias de Veículos, com queda de 24,7%. Em seguida aparecem os de Lojas de Móveis e Decoração (-22%), Lojas de Material de Construção (-20,4%), Lojas de Departamentos de eletrodomésticos e eletrônicos (-17,4%) e Autopeças e Acessórios (-15,6%).

 



Veículo: Jornal DCI


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