Programa terá foco em aumentar produtividade, diz Armando Monteiro.
Na tentativa de reativar o crescimento econômico, prioridade do Palácio do Planalto, o Ministério do Desenvolvimento lançará uma nova política industrial em 2016. Desta vez, o governo não seguirá a cartilha do passado, de concessão de benefício fiscal a alguns setores. No cenário de crise aguda, isenção de imposto é algo que não está “no horizonte nos próximos dois anos”. Sem essa ferramenta, a equipe econômica pretende incentivar a produtividade e a eficiência de empresas médias e pequenas com processos mais ágeis, qualificação de mão de obra e renovação do parque fabril.
Segundo o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, a princípio, 3 mil empresas receberão consultorias para ganhos de eficiência. Os primeiros setores contemplados serão os afetados pela crise, como vestuário, metal-mecânico, moveleiro, alimentos e bebidas.
Para Monteiro, era perigoso pensar em metas ambiciosas e abrangentes como no passado ou tentar fazer mudanças mais profundas na atividade (como uma reforma tributária) antes da estabilização da economia.
— Como ainda temos um processo de ajuste em curso, seria um processo temerário relançar uma política industrial como antes. Vamos tratar a política industrial nas empresas. Há um espaço para redefinição de processos (produtivos) — frisou.
A estratégia do ministro conta com o apoio do Sebrae e a animação dos pequenos empresários. Uma pesquisa da entidade mostra que os menores estão mais otimistas. Ao todo, 77% dos empreendedores acreditam que o próximo ano será igual ou melhor do que este, e 65% estão confiantes de que a situação econômica do país vai melhorar ou permanecer como está. Dos entrevistados, 42% dizem acreditar que podem ampliar os investimentos nos próximos dois anos.
— O andar de baixo da economia tem ido muito bem, obrigado — brincou o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos.
A ideia do governo é fazer com que os menores aproveitem a alta do dólar para exportar e engrossar os resultados da balança comercial, que deu uma guinada neste ano. E está com um saldo positivo de US$ 16,7 bilhões, até a terceira semana de dezembro.
O desempenho já revela que 2015 foi um ano de recuperação do comércio exterior. Mesmo sem contabilizar o desempenho dos últimos dias — porque o dado total só será publicado no dia 4 de janeiro —, esse será o melhor ano da balança desde 2012. O resultado só não é mais positivo porque o país perdeu US$ 30 bilhões com a queda no preço das commodities.
No entanto, por trás dos números, o desempenho revela como a crise econômica inflou esse dado. Houve queda na média diária de exportações e importações. O saldo do ano só cresceu porque as compras de produtos importados caíram mais: 23,9% frente o mesmo período do ano passado. As exportações — mesmo com a alta do dólar — caíram 14,5%.
Veículo: Jornal O Globo - RJ