"Foi um ano bastante intenso", resumiu Ardêmio Heineck, diretor executivo do Instituto Gaúcho do Leite (IGL), sobre o trabalho realizado pela entidade ao longo de 2015. Na terça-feira, durante almoço com a imprensa, Heineck apresentou um balanço das ações conduzidas pelo grupo e antecipou as estratégias já definidas para 2016.
Neste ano, o IGL construiu o panorama da cadeia leiteira gaúcha, a partir de um levantamento socioeconômico junto aos produtores rurais. Outro grande acontecimento de 2015 destacado por ele foi a realização do Congresso Internacional do Leite, em julho. "Esse evento colocou o Rio Grande do Sul no cenário mundial do leite", sintetizou. Essas duas entre tantas demandas do segmento que devem continuar no foco do IGL. Na geração de dados e informações sobre a atividade leiteira, o instituto pode firmar uma parceria com a FEE no ano de 2016, o que deve resultar em levantamentos periódicos sobre a produção e o mercado gaúcho de leite.
Já a maior visibilidade do setor leiteiro no mercado mundial tem relação direta com as constantes perspectivas de exportação da produção gaúcha. Cada vez mais, a presença do Rio Grande do Sul no comércio internacional é tida pelo setor como uma necessidade, sobretudo por conta do excedente de produção, já que 40% do leite produzido no Estado atende à demanda gaúcha. Os outros 60%, obrigatoriamente, precisam ser vendidos em outros estados brasileiros ou no mercado internacional.
Heineck antecipou que o Ministério da Agricultura articula a exportação de leite brasileiro para o México e para o Panamá, dois mercados com grande potencial de absorção da produção nacional. A perspectiva mais clara vem do Panamá, que entre janeiro e março deve enviar uma comitiva para conhecer os processo produtivo do Brasil. "E nós já estamos trabalhando para trazer o grupo também para o Rio Grande do Sul", frisa o diretor. Citando o Panamá como um mercado líquido, ele destaca que os principais produtos adquiridos pelo país são leite em pó e leite condensado. Segundo o presidente do IGL, Gilberto Piccinini, o período médio para concretizar exportações a partir da visita da comitiva é de cerca de um ano.
Um outro aspecto que foi foco das ações do IGL ao longo de 2015 e permanece no centro dos trabalhos do grupo é a questão da qualidade da produção. No decorrer deste ano o grupo atuou em conjunto com outras entidades na promoção do Programa Alimento Saudável (PAS) Leite, que realiza processos de qualificação no campo, nas indústrias e entre os transportadores. "A Ana Lúcia Stepan (fiscal federal agropecuária) iniciou esse trabalho de disseminação do PAS Leite", sublinhou. Acrescentando que no próximo ano, o IGL dará continuidade à parceria para promover a qualificação de produtores, transportadores e da indústria.
Presente no encontro, o presidente da Associação Gaúcha de Laticinistas (AGL), Ernesto Krug, analisou que neste ano a produção leiteira tanto no Brasil quanto no Estado sofrerá queda, contrariando a realidade dos anos anteriores. No Rio Grande do Sul a produção deve recuar 2% a 3%. Krug justificou a queda mencionando-a como efeito da saída de empresas do setor e do momento de baixa do mercado leiteiro. "Temos ciclo de baixa e de alta. Mas o leite é o produto que mais rapidamente recupera o preço", ponderou. Piccinini ressaltou que este é o momento dos produtores e das empresas se estruturarem para aproveitar o momento bom que está por vir.
Veículo: Jornal do Comércio - RS